“Emocionante!” Em apenas uma palavra, Thammy Miranda resumiu o primeiro episódio do reality “I Am Cait”, sobre a transição de Caitlyn Jenner, conhecida anteriormente como Bruce Jenner. A pré-estreia brasileira aconteceu nesta quinta-feira (23), em São Paulo, só para convidados.
“As pessoas podem imaginar o que é estar dentro do corpo de um trans, mas ninguém realmente sabe como é”, acrescentou. Para ela, é de extrema importância que transgêneros tenham mais voz e espaço na mídia. “Assim, as famílias começam a entender um pouco sobre o que acontece dentro da gente e que não se trata apenas de uma roupa diferente daquela que estávamos acostumados a usar, é muito mais do que isso.”
A questão, ela diz, não é se vestir de um jeito diferente, mas se “despir” de uma pessoa com a qual você não se identifica.
O grande destaque do capítulo de estreia do programa é o primeiro encontro de Caitlyn com a mãe Esther e as irmãs Pam e Lisa. O clima é de muita ansiedade e nervosismo. Para Thammy, esta foi, sem dúvida, a parte mais marcante.
“A questão da família é muito complicada. Os nossos pais estão acostumados a nos ver da maneira como nascemos e a nos tratar desta forma específica. Então, essa mudança é muito difícil pra eles. Mas eles não imaginam o quanto isso é difícil pra gente, ainda mais tendo que contar a eles. Essa troca é a parte mais complicada. Por isso, me identifiquei com as cenas. Graças a Deus, eu tenho pais muito carinhosos e que me apoiam.”
Na série de oito episódios, que estreia no dia 2 de agosto, no canal E!, Caitlyn também mostra a dificuldade que enfrenta ao lidar com os paparazzi, sempre a postos em frente à sua mansão e dispostos a segui-la para onde for na expectativa de um clique valiosíssimo. A falta de privacidade, segundo Thammy, acaba tornando a transição pública e pode tanto facilitar, quanto dificultar o processo.
“A gente acaba tendo alguns privilégios que outros trans não têm, mas se torna também uma responsabilidade muito grande. Afinal, você ainda está se descobrindo, encarando um sentimento diferente, mas precisa dar exemplo”, conta.
“Eu organizo frequentemente uma roda de trans para conversar e trocar experiências. Um dia, um deles chegou e me disse: ‘Cara, você salvou a minha vida hoje”. Ele queria desistir de tudo e estava determinado a se jogar na frente do primeiro carro que encontrasse na rua. Porém, minutos antes, foi convidado por um outro conhecido para ir ao bate-papo e se encontrar comigo. Ele foi e não aconteceu nada de ruim com ele. Eu não tinha noção dessa responsabilidade. A princípio, me via apenas como um ser humano comum passando por algo que envolve um turbilhão de emoções. Aos poucos, me dei conta da proporção.”
Thammy deu início à terapia hormonal há menos de um ano e, nesse período, passou também por uma cirurgia de retirada de mamas. Por isso, faz questão de dizer que ainda está em processo de descoberta. Entre os mais íntimos, é chamada de Thommy e entende que a aceitação pública virá aos poucos. Para setembro, ela prepara o lançamento de uma autobiografia, onde dará detalhes de toda sua transição.