Um juiz irlandês decidiu que um homem que estuprou sua ex-namorada várias vezes, enquanto ela estava inconsciente, não deve ir para a prisão. A mulher estava tomando uma medicação que a fazia dormir pesadamente. Magnus Meyer Hustveit foi condenado por estupro, mas teve sua sentença de sete anos suspensa.
A justificativa para a clemência da Justiça foi ele ter admitido sua culpa em e-mails à vítima e em juízo, sem as quais teria sido impossível processá-lo. "Na verdade, este caso chegou aqui hoje através da sua própria boca", disse o juiz Patrick McCarthy.
Pela falta de provas, é difícil condenar alguém por estupro cometido no passado, a não ser com o próprio testemunho da vítima. Em um caso no qual há uma admissão de culpa, o estuprador foi “honesto” demais para ser sentenciado. Na Justiça da Irlanda, ao que parece, até mesmo uma admissão de culpa não é suficiente para uma sentença de prisão.
Ao ser questionada sobre se considerava que a Justiça havia sido feita, a vítima disse: "Não. E eu não acho que alguém poderia achar isso." Em texto opinativo no jornal “The Guardian”, a professora universitária Emer O'Toole escreveu: “Um homem jovem, bonito, inteligente e bem sucedido tragicamente admitiu ter estuprado sua namorada enquanto ela estava inconsciente, sem perceber que ela iria trair sua confiança ao processá-lo”.
Obviamente, o caso levantou um grande debate nos meios de comunicação irlandeses e a professora que escreveu ao “The Guardian” compilou alguns comentários de leitores de dois sites de notícias populares do país.
"Estou confuso a respeito de como uma mulher pode dormir durante uma coisa dessas e não estar ciente de que algo está acontecendo."
"Será que o juiz deveria tratá-lo como um caso em que uma casa é arrombada e uma mulher é estuprada por um estranho segurando uma faca em sua garganta?"
"Quando foi a última vez que você pediu ao seu parceiro consentimento? Nunca. Ninguém pede consentimento quando estão vivendo como amantes. Portanto, somos todos estupradores."