Aos 20 anos, Ludmilla é dona de uma carreira meteórica. O sucesso começou em 2012, quando ainda carregava o nome artístico de MC Beyoncé, sua maior referência musical. Na época, ela gravou e soltou na web o primeiro hit “Fala Mal de Mim”. Poucos meses - e 17 milhões de visualizações – depois, entrou para o rol das maiores revelações do funk carioca.
Em entrevista à Marie Claire, ela fala do preconceito superado para se firmar como funkeira, conta como organiza a carreira para não cair no esquecimento, comenta caso de racismo, admite ser mulher de atitude e esclarece declaração polêmica sobre Cauã Reymond.
SEM DESCANSO PARA OS INIMIGOS
Apesar do pouco tempo de carreira - e ao contrário de alguns colegas de profissão -, Ludmilla já carrega uma série de hits no currículo e se organiza cuidadosamente para passar longe do título de cantora de um hit só. “Quando uma música está bombando, já tenho outra na manga”, explica. “Nunca espero muito para depois tomar uma atitude. Não pode descansar, senão o inimigo vem e te devora.”
Além do funk que lhe alçou ao estrelato, ela emplacou também as faixas “Hoje”, “Te Ensinei Certin”, “Sem Querer”. Nesta segunda (13), foi lançado seu novo clipe, “Eu Não Quero Mais”, gravado no Chile, sua primeira viagem internacional.
Mas para chegar até aqui, a cantora diz que precisou enfrentar muito preconceito vindo inclusive dos próprios MCs. “Eu era a única menina. Quando me viam no meio, diziam, ‘Ah, nada a ver ter uma garota aqui’. Mas aí a minha música estava bombada e eles tiveram que me engolir.”
A evolução fez com que ela deixasse de lado o título de MC para não ficar refém do funk. Hoje, flerta bastante com o mundo pop, inspirada por suas musas Rihanna e Queen Bey. “O pessoal da gravadora falou que eu sou uma cantora de verdade, posso cantar qualquer música, qualquer ritmo, em qualquer idioma”, explica. “E se fico com o MC, os funkeiros perguntam, ‘Ué, é funkeira e está cantando Beyoncé, Djavan? Por isso, não tenho problema em rotular minha música como pop funk.”
Essa abertura musical proporcionou então convites para novelas. Além de fazer parte das trilhas sonoras de tramas globais, Ludmilla já apareceu em “Babilônia” e “Alto Astral”. “Isso foi fundamental para a minha carreira. Agora, eu entro em qualquer ambiente e todo mundo sabe cantar tudo.” As participações especiais contribuíram também para despertar um desejo que, pelo menos por enquanto, permanece guardado. “Gosto muito de atuar. Sempre tive sonho de fazer filmes”, revelou.
MULHER DE ATITUDE
Conhecida por versos ousados como “Hoje eu to querendo te pegar de novo”, “Hoje tu tira onda porque eu te ensinei ‘certin’” e “Não sou de uma pessoa só, não curto amores, eu curto sabores da vida sem rumo”, Ludmilla diz que são todos baseados em fatos reais e dizem muito sobre ela, que confirma ser uma mulher de atitude e a favor daquelas que tomam a iniciativa. “Não vou atrás e falo, ‘Estou te esperando’. Mas eu dou um molezinho”, conta rindo.
Aliás, o assédio tem sido proporcional ao aumento da fama. “Cresceu demais, em todos os sentidos. Rola mais de homem, porque eles são mais descarados. Mas tem menina também, pra caraca.”
Sobre as mensagens transmitidas nas canções, ela diz ainda que são dirigidas a “mulheres que têm poder, mas não sabem e ficam escondidas atrás do tanque e do fogão, chorando pelos cantos.” “Tem que reagir”, alerta. Entretanto, descarta qualquer rótulo feminista. “Não sou muito não. As minhas músicas sempre acabam indo para esse lado e as pessoas falam que eu sou. Mas sou mais de concordar com quem está certo, seja homem ou mulher.”
PRECONCEITO LATENTE
Assim como Maju, apresentadora da previsão do tempo do Jornal Nacional, Ludmilla também foi, recentemente, alvo de comentários racistas nas redes sociais. “Estamos muito atrasados em relação a isso. Mas graças a Deus foi só um babaca que ainda usou um perfil fake para me agredir”, conta.
As ofensas foram feitas por um seguidor no Instagram. “Nojo. Negra macaca feia”, escreveu. A cantora não deixou barato e respondeu ao xingamento: “Pessoas como você deveriam estar atrás das grades e não nas redes sociais, seu racista hipócrita.”
“Depois que aconteceu, as pessoas foram muito solidárias e diziam que ele deveria ser preso mesmo. Disseram que eu sou uma negra linda. Só recebi mensagens de apoio. Não ignorei, porque achei aquilo o cúmulo do absurdo. Como estava embarcando para o Chile naquele momento, acabei não tomando nenhuma medida jurídica. Se não fosse um perfil falso, eu ia denunciar.”
VICIADA EM... REDES SOCIAIS
Com um milhão de seguidores no Instagram, mais de 70 mil no Twitter e centenas de segundos gravados diariamente no Snapchat, Ludmilla é assumidamente viciada em redes sociais.
Mas para evitar que essa exposição excessiva renda qualquer problema à sua imagem, ela toma alguns cuidados. “A mídia está de olho. Não tenho mais o Instagram de uma menina que leva uma vida normal. Então, tenho que pensar antes de tirar e publicar uma foto. Não posso sair segurando bebidas, porque as crianças vão ver. Se eu estiver descabelada, tenho que ter consciência de que aquela foto vai girar para caramba no meu fã clube. E vou ficar descabelada durante uma semana nas redes sociais”, explica. E se rola algum arrependimento, a imagem é logo apagada por ela.
Todo esse cenário contribuiu para que ela também se preocupasse cada vez mais com a aparência. “Estou com um personal stylist agora, porque tenho que andar sempre bonita. Em todo lugar as pessoas querem tirar foto. Faço dieta, frequento a academia e, às vezes, jogo futebol. Agora, só quero definir o corpo. O resto está top.”
Favorável a cirurgias plásticas, ela já se submeteu a uma lipospiração e acha que tudo é válido para se sentir bem. “O limite para mim é não ficar com a cara deformada.”
AMIGA DAS CELEBS
Quando ainda era a adolescente de Duque de Caxias, subúrbio do Rio de Janeiro, Ludmilla não fazia ideia das amizades que viria a ter anos depois, por conta da fama. “Eu nunca imaginei que seria amiga da Preta Gil, da Claudia Leitte”, diz. A lista conta ainda com outro nome forte, Bruna Marquezine. As duas se conheceram no aniversário da própria atriz e, a partir de então, nunca mais deixaram de se falar. “A gente sai junto, ela já foi no meu show. Agora com a agenda na contramão não temos conseguido nos ver muito, mas nos falamos para caramba.”
Apesar dos rumores sobre uma possível rivalidade, ela garante ser superamiga também da cantora Anitta. “A gente se dá muito bem”, reitera. As duas, inclusive, devem gravar nas próximas semanas um programa, cujos detalhes ainda são mantidos em segredo. “Mas vamos passar três dias juntas. E vai rolar muito snap.”
Cauã Reymond é outro famoso que tem sido ligado a ela com frequência nos últimos dias, depois de uma suposta declaração polêmica. “Distorceram tudo o que eu disse. Me perguntaram com quem eu gostaria de fazer um clipe, se tinha vontade de gravar com o Cauã. Eu disse que sim. Aí me questionaram se no roteiro teria beijo. Eu respondi, ‘Ah se tivesse... Quem não ia querer beijar o Cauã Reymond? Mas era, tipo, atriz e ator”, explica ela que diz estar solteira. “Estou curtindo a vida daquele jeito.”