Oito semanas após dar à luz seus filhos gêmeos, a americana Julia Sharpe, 27, vestiu sua roupa de fitness e voltou a treinar no centro universitário do MIT, um dos Institutos de Tecnologia mais renomados dos Estados Unidos. Desde os 2 anos de idade, ela pratica ginástica artística como hobby e já chegou a ganhar competições nacionais naquele país em categorias femininas. Mas ela queria mais e, em busca de novos desafios, a enhenheira mecânica descobriu que poderia competir na categoria masculina de acordo com regras do esporte. Agora, pouco tempo depois da gravidez, ela se prepara para participar de campeonato de homens em Pittsburg no dia 22 de maio.
"Há muitas razões pelas quais eu decidi trocar [do feminino para o masculino]. O time do MIT mandava apenas dois homens ao campeonato nacional e parecia que o time estava desaparecendo (assim como muitos programas de esportes masculinos), então quis ajudá-los a seguir em frente", contou Sharpe à revista "NY Magazine" sobre a mudança.
O desejo por novos desafios, já que sempre foi uma das melhores entre as mulheres, também foi um fator importante para se juntar ao time de homens que praticam o esporte. "Na ginástica feminina, eu aprendia uma nova habilidade por ano, enquanto na masculina, eram várias o tempo todo. Além disso, tenho três irmãos mais velhos, dois deles fizeram ginástica e eu sempre quis ir aos seus eventos".
A recepção dos atletas quando Sharp chegou para treinar foi bastante positiva, embora não negaram uma certa surpresa ao vê-la por lá. Alguns até se inspiraram em com sua coragem para se tornarem melhores ainda. "A comunidade de homens foi muito receptiva, diferentemente do que acontece com as mulheres, pois somos pressionadas a ver atletas de outros times como inimigas".
Para Sharp, qualquer mulher pode conquistar sucesso no time dos homens, especialmente se já tiver um certo preparo. "Acho surpreendente que nesta era moderna ninguém tenha questionado o fato de que não há ginástica artística masculina para mulheres ou o contrário."
A americana ficou grávida de gêmeos quando já estava no time masculino, onde os treinos exigem muito mais esforço físico. Segundo ela, não foi fácil se manter ativa.
"Eu treinei o máximo que pude durante a gestação porque queria voltar a treinar assim que os bebês nascessem. Fiquei muito exausta, mas me esforcei porque sabia que não teria muito tempo", disse.
Oito semanas depois da cesariana, a engenheira voltou a competir usando apenas suas habilidades mais básicas, pois considerava que quanto antes começasse, melhor seria para recuperar seu corpo.
Ela se inspira na atleta Oksana Chusovitina, de 39 anos, que participará de sua sétima Olimpíada nos jogos do Rio, também depois de ter filhos.