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Bárbara Paz: "Sei como é o preconceito por ser casada com um homem mais velho"

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BARBARA POSA COM LOOK DE ALFAITARIA  (Foto: Eduardo Rezende)

Há dois assuntos sobre os quais Bárbara Paz, definitivamente, não gosta de falar. O primeiro é seu passado trágico, de menina órfã de pai e mãe que saiu de Campo Bom, pequena cidade de 58 mil habitantes no interior do Rio Grande do Sul, para tentar a vida em São Paulo – e que, antes de virar a bem-sucedida atriz da TV Globo, enfrentou dor, fome e solidão. O segundo é seu casamento com o cineasta Hector Babenco, 67 anos, quase 30 a mais do que ela. Nesta entrevista exclusiva a Marie Claire, ela fala sobre ambos. Confira partes do bate-papo com a atriz. A versão completa está na versão impressa, nas bancas a partir de 24 de julho.

Marie Claire Você escuta muitos comentários maldosos sobre sua relação como Babenco?
Bárbara Paz
Não ouço, porque não falam para mim. As pessoas não entendem o que é a nossa relação. Criam estereótipos e rótulos. Só nós dois sabemos como o nosso relacionamento é lindo. Como temos respeito e admiração por esse nosso momento. Que é efêmero, porque não sabemos o dia de amanhã.

MC Como assim?
BP
Eu tenho 38 anos. Ele tem 67. Sabemos para onde a vida vai caminhar. São muitos fatores. Sabemos que nosso relacionamento vai ser para sempre, mas não sabemos os rumos que vai tomar. Eu estou começando a ir para a metade da vida. Ele está se aproximando de uma segunda metade.

MC Vocês chegam a conversar sobre isso?
BP
Sim, temos essa sensibilidade. Estou vivendo um momento de mudanças. O Hector tem a vida dele constituída, mas chega uma hora delicada em que vou ter que decidir onde colocar tudo o que construí, sabe? É um momento de escolhas. Estou um pouco cansada de cuidar de mim. Eu quero ter um filho. Mas para isso eu preciso ter a certeza da estabilidade. Como passei muita necessidade na vida, não quero que o meu filho passe pelo mesmo.

MC Que tipo de necessidade?
BP
Eu varria o pátio do clube e, em quatro semanas, ganhava uma carteirinha para poder usar a piscina no verão. Eu tinha uns 7, 8 anos, varria dançando, me dava uma felicidade imensa porque ia poder usar a piscina. Mas eu passava a tarde inteira na piscina nadando, no sol, e, quando saía de lá, morrendo de fome, não tinha dinheiro para comprar um picolé. Lembro até hoje de um cachorro-quente que tinha no clube, muito gostoso. Uma vez por semana eu conseguia comprar. Mas, nos outros dias, não. Aquilo me doía muito. Eu sempre pensava que alguma coisa boa ia acontecer, e acontecia – alguém me pagava um cachorro-quente ou eu podia comer e pagar depois. Claro que essa necessidade toda me fez melhor, me transformou na gladiadora que sou hoje, mas não quero dar isso para uma criança. Não quero que ela não possa receber o presente que quis no Natal.

MC Você já se sentiu forçada em alguma situação?
BP
Sim. Porque eu precisava de dinheiro, fiz um clipe dos Titãs, muitos anos atrás, que eu detesto. Adoro os Titãs, mas o clipe é de muito mau gosto. Eu apareço mostrando os seios. Nada me deixou mais triste do que ver aquele clipe. Eu precisava da grana para pagar o IPTU, o seguro do carro, essas coisas básicas. Mas foi uma coisa muito violenta. Eu me senti atacada, para mim foi muito agressivo. Hoje não deixo mais que façam isso comigo. Graças a Deus cheguei aqui e não deixo mais me agredirem. Já levei tanta porrada da vida, sabe?

MC Quando olha a sua vida em retrospectiva, você sente orgulho do que vê?
BP
Sinto muito, mas não sei porque e nem para quê. Eu sempre quero que a pessoa que está comigo tenha orgulho, não eu. Às vezes, penso: “Para que fiz tudo isso?”. Eu queria fazer coisas para mostrar para minha mãe. Quando acaba a peça de teatro, por exemplo, a plateia vai embora e dá um vazio... Eu falo: “E não ficou ninguém?”. Mas o fato é que conquistei tudo o que prometi para mim mesma. Até mais.

MC Você prometeu isso para sua mãe?
BP
Prometi. Eu falei para ela: “Vou ser alguém na vida, pode acreditar em mim”. Eu me lembro indo embora da cidade com duas malas, sozinha, caminhando sete quadras para pegar o ônibus. Eu olhava para trás e sabia que não ia voltar. Eu dizia, com meu All Star rasgado: “Vou achar um espaço no mundo pra mim”.

MC Tinha grandes chances de dar errado, mas deu certo.
BP
Vejo que valeu a pena e que eu consegui. Quantas pessoas não conseguem? Então, o que vier agora é lucro. Mas é claro que quero mais. E me pergunto: “Mas querer mais para quem?”. É por isso que preciso de outro alguém, e esse alguém tem de chegar. Tem de vir um filho.

PAOLLA OLIVEIRA É CAPA DA MARIE CLAIRE DE AGOSTO. A REVISTA ESTARÁ NAS BANCAS A PARTIR DESTA QUARTA-FEIRA (24) (Foto: Eduardo Rezende)

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