Chelsea Manning, antes conhecida como Bradley Manning, ex-analista de inteligência do Exército norte-americano que foi sentenciada a 35 anos de prisão no caso WikiLeaks, falou pela primeira vez da prisão militar onde está detida em Fort Leanvenworth, no estado do Kansas.
“O Exército fez eu me sentir uma piada, mas não conseguiu me manter em silêncio”, disse Chelsea à revista Cosmopolitan, sobre os relatos de bullying que diz ter sofrido na corporação. A ex-militar, condenada por vazar documentos secretos para o site WikiLeaks, também falou sobre a vida atrás das grades e de seu desejo de viver como uma mulher.
“Eu não sei como isso [a luta para assumir sua identidade sexual] moldou a minha vida e o que sou, mas é certamente um fator que influenciou nas decisões que tomei, incluindo me alistar no Exército”, diz.
Chelsea, que recebeu autorização judicial para se submeter a um tratamento hormonal, usar roupas femininas e maquiagem dentro da prisão no ano passado, também afirma ter se sentido “desconectada” do seu corpo a vida inteira.
“Eu sempre soube que era diferente. Mas eu não entendia realmente até me tornar adulta”, conta. A ex-militar diz ter, então, se alistado no Exército na esperança de que o ambiente masculino a fizesse esquecer dos pensamentos de viver como mulher. Mas afirma ter quase desistido durante o treinamento militar em 2007, no Missouri.
“Fui pega de surpresa pela intensidade [do treinamento]. Houve momentos em que fui muito humilhada”, recorda. Ter integrado a missão americana no Iraque, Chelsea conta, também foi um momento difícil, mas transformador.
“Essa experiência me fez ter absoluta certeza de quem eu era. Lidar com pessoas morrendo ao meu redor todos os dias –ao ponto de virarem só uma estatística- me fez perceber como nossas vidas são curtas e valiosas... Então, qual o melhor momento para sermos nós mesmos do que agora, certo?”, afirma.
Segundo Chelsea, quando deixou o país, em janeiro de 2010, estava pronta para se vestir e agir como uma mulher em público. “Isso não seria possível se eu não tivesse vivido numa zona de combate”, diz.
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“O Exército fez eu me sentir uma piada”, diz Chelsea Manning, militar transexual presa no caso WikiLeaks
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