A família real britânica mexe com o imaginário popular de uma forma impressionante. O casamento do príncipe Charles e da princesa Diana – e depois a separação do casal e a trágica morte de Lady Di – foram assuntos corriqueiros nos anos 80 e 90. Depois disso, as atenções se voltaram totalmente para o primogênito do casal, William. Quando ele decidiu se casar com a plebeia Kate Middleton, o mundo parou para vê-la entrando na Abadia de Westminster com seu vestido da grife de Alexander McQueen.
Agora, as lentes estão voltadas novamente para o Reino Unido, em especial para o hospital St. Mary`s de Paddington, em Londres, onde nascerá o filho do casal mais comentado do século 21. O que esse bebê pode representar para a monarquia britânica é o que muitos se perguntam.
Terceiro na linha sucessória do trono inglês, ele poderá ser o primeiro rei do próximo século. “Seria muito emocionante se fosse uma nova rainha a dar as boas-vindas ao século 22”, diz Victoria Arbiter Brown, especialista em cobrir a família real britânica para a rede americana CNN. Em entrevista exclusiva à Marie Claire, Victoria faz um prognóstico desse momento histórico para o Reino Unido e revela o que se pode esperar do futuro da monarquia britânica.
Marie Claire – Qual é a expectativa da Inglaterra em relação ao nascimento do bebê de Wiliam e de Kate?
Victoria Arbiter - Um herdeiro para o trono vem apenas uma vez a cada geração. Acredito que os britânicos estão entusiasmados com a possibilidade de serem testemunhos da história. Se esse bebê chegar aos 87 anos de idade, deve ser o primeiro monarca do século 22, algo realmente notável. Por enquanto, todo o frenezi é da imprensa. Acredito que, quando o anúncio da chegada do bebê acontecer, certamente haverá uma comemoração em todo o Reino Unido. Sobre a expectativa para o futuro, é difícil dizer. Ainda temos o restante do reinado da rainha Elizabeth II, seguido pelo de seu filho Charles e de seu neto William, mas espero que o desejo primordial seja o de que esse bebê siga os passos de sua bisavó e se revele um embaixador de valor inestimável para o Reino Unido e para toda a Comunidade Britânica.
Marie Claire – O nascimento de um bebê que vem marcado por diversas quebras de protocolo pelos pais pode significar uma “modernização” da família real britânica?
VA - As gerações mudam e, com elas, há sempre expectativas de mudanças. O mundo é um lugar muito diferente desde 1948, quando o príncipe Charles nasceu, e junto com essas transformações, a monarquia foi se adaptando e evoluindo em paralelo. Acredita-se que Charles foi o primeiro pai da família real a estar no quarto quando seus filhos nasceram, mas isso não é verdade. O príncipe Albert, Eduardo VII e Mark Phillips (embora ele não seja da realeza, era marido da princesa Anne) também estavam presentes no nascimento de seus filhos. William e Kate gostam de fazer coisas do jeito deles. Uma vez que William é apenas o segundo na linha de sucessão do trono, ele não se sinta tão pressionado quanto seu pai quando ele nasceu e, certamente, não está sob a mesma pressão vivida por sua avó porque ela era não apenas uma jovem mãe e rainha. Podemos dizer que a família real se modernizou – ela tem uma página no Facebook e uma conta no Twitter -, mas fez isso junto com o resto do mundo, o que a mantém relevante e oportuna.
Marie Claire – O nascimento de uma menina seria mais impactante e decisivo para o reinado britânico do que o de um menino?
VA - Seria muito emocionante se a Duquesa de Cambridge tivesse uma menina por causa das mudanças na lei de sucessão do trono. Pela primeira vez, uma filha mais velha precederia um filho mais novo como legítima herdeira do trono. Historicamente, as mulheres têm desempenhado muito bem seu papel. Elizabeth I, Rainha Vitória, e a atual rainha desfrutaram de uma enorme popularidade e longevidade. Sendo assim, se vier uma menina será emocionante. Depois dos reinados de Charles III e William V, acho que o país está preparado para outra rainha. Victoria inaugurou o século 20 e Elizabeth II, o século. Seria muito impactante se uma nova rainha desse as boas-vindas ao século 22.
Marie Claire – Qual será o impacto ao trono real quando o bebê nascer?
VA - Não haverá um impacto no trono britânico quando o bebê nascer. O que vai acontecer é um maior interesse do mundo sobre a família real. Será a primeira vez, desde 1894, que um monarca britânico reinante terá três herdeiros diretos vivos. Será maravilhoso ver a rainha segurando o bebê e vendo o futuro da monarquia diante dela.
Marie Claire – Como você analisa esse momento da história britânica?
VA - Nada vai mudar na Inglaterra com a chegada do bebê de Kate e William. Ele será apenas o terceiro na linha de sucessão e a rainha ainda tem bons anos pela frente. A monarquia continuará a evoluir e se adaptar ao longo dos anos. Isso precisa ser feito para sustentar sua relevância. Quando esse bebê vier ao trono, não há dúvidas de que existirão mudanças significativas. Por enquanto, acredito que a família real continuará a desfrutar desta nova onda de popularidade e otimismo. Há um longo tempo ainda a se percorrer.
Marie Claire – Por que qualquer coisa que envolva a família real britânica sempre gera o interesse mundial?
VA - A família real sempre cativou o mundo. A rainha é a monarca constitucional de 16 estados soberanos, conhecidos como reinos e chefe de 54 países membros da Comunidade das Nações. Por isso, seu alcance é mais amplo do que o de qualquer outro chefe de estado do mundo. A realeza dá ao Reino Unido uma identidade única e uma história viva. Turistas de todo mundo vão ao país para testemunhar grandes eventos e visitar residências reais. A rainha é vista com muito carinho pela Comunidade das Nações e, claro, Diana era adorada em todo o mundo. Esse interesse recaiu sobre William, Kate, Harry e, logo mais, sobre o novo bebê. Não consigo imaginar a popularidade deles diminuindo tão cedo.