Carnaval da vida selvagem
Hoje, as meninas de L'Équipée decidiram fazer uma longa caminhada matinal pela fazenda. Logo que saíram da casa, Louise D se viu conquistada pelo charme dos papagaios azuis reunidos numa cerca, e tentou domesticá-los enquanto o resto da turma perdia a paciência. Um pouco mais tarde, elas desceram juntas uma passarela estreita de madeira de 2 km de comprimento, que ia bater no brejo do rio Miranda e constituía um excelente observatório de vida aquática.
“Os jacintos cor-de-rosa afloram, as garças cantam, os gaviões observam, uma jaçanã hábil parece andar sobre a água, como que sobre um fio par não incomodar ninguém, libélulas azuis, vermelhas, violetas fazem piruetas...", descreve Louise D, extasiada.
Parece até que bichos raros e selvagens combinaram de se reunir para festejar a passagem das cinco parisienses. Só falta uma figura ilustre: a onça, que se mantém invisível. No entanto, segundo Roberta, uma das filhas da família que acolheu as meninas, havia marcas de pegadas de onça na terra vermelha. Um casal dos felinos teria passado por ali instantes antes.
A beleza está na harmonia
Roberta é uma especialista. Ela percebe todos os bichos, até aqueles mais bem equipados para se esconder. "A gente tem a impressão que os bichos confiam nela", diz Louise D, admirada. "Dá para sentir". Em dois dias passados na Fazenda San Francisco, as meninas de L'Équipée puderam observar a empatia incrível das mulheres da família Coelho. Elas prestam atenção em tudo o que as rodeia, sendo capazes de perceber a menor mudança no ambiente delas. São dotadas de uma belíssima capacidade de ouvir, o que faz delas mulheres magníficas, solares.
Para a mãe, Elisabeth, a patroa da Fazenda, "Se você tem bons olhos e tem uma coisa boa dentro de você, você só pode ser uma pessoa bonita: o que mais conta é a beleza interior". Mas isso não impede que ela faça questão de aparecer sempre de batom nos lábios. "É uma questão de respeito".
Piranhas e jacarés
Antes de sair da fazenda, as meninas não podiam deixar de experimentar a especialidade local: a pesca da piranha. No barco, armadas com varas de bambu, as intrépidas garotas de L’Équipée ficaram meio temerosas. Acontece que os jacarés as viram chegar e ficaram rodeando a embarcação. A pesca exigia bastante técnica. "As piranhas são muito espertas. Comem as iscas bem rapidinho e sem o menor solavanco. A gente nem sequer percebe! Os dentes delas são afiados como gilete", diz Pauline, espantada.
Os jacarés, plácidos, observavam e, grandes apreciadores de piranha, aguardavam o momento certo... "Eu tenho muito que aprender com esses lagartões pré-históricos. Eles são lentos, parece até que estão mortos. Mas na realidade, ficam economizando energia impassíveis", observa Louise D.
Cai o dia no rio. As meninas de L’Équipée, já saudosas, curtem os últimos raios deitadas na parte dianteira do barco. E pensar que amanhã, elas vão ter de deixar tudo isso para trás.
Fiquem ligados amanhã quando...
As meninas de L'Équipée pegam a estrada que leva à Amazônia.