A BUSCA POR TODAS AS FORMAS DE BELEZA
Todo tipo de beleza: é isso o que as meninas de L'Équipée estão procurando no Brasil. "A gente não está somente interessada na beleza física das mulheres", diz Cecile. Elas querem descobrir os diversos tipos de beleza do país, seja na força de suas mulheres, em suas obras de arte, sua culinária, na diversidade de suas paisagens ou nos pequenos gestos que mostram como os brasileiros se relacionam entre si.
Ao longo desses dez dias de estrada, as meninas já encontraram cada um desses tipos de beleza, graças às pessoas que conheceram no Rio e em Minas. Depois de terem recarregado as baterias nas águas térmicas de Araxá, elas deixaram as paisagens montanhosas de Minas Gerais, e cruzaram o cerrado até chegar em Brasília.
Na estrada, Cindy, Pauline, Louise D, Cecile e Louise B ficaram extremamente ligadas na segurança. "Tem muitos caminhões, e eles acham que podem se comportar como se fossem motos!", explica Louise D. As meninas ficaram o tempo todo de olho umas nas outras, atentas ao menor deslize.
APAIXONADA POR OSCAR NIEMEYER
Em Brasília, as meninas ficam fascinados com a beleza da arquitetura de Oscar Niemeyer, e encantadas com essa cidade futurista, que parece brotar do nada. "Eu adoro essa arquitetura, Niemeyer é realmente um dos melhores arquitetos", diz Louise B, que foi casada com um arquiteto durante sete anos. "Isso me faz lembrar meu prédio preferido, o Congresso de Dhaka em Bangladesh, projetado por Louis Khan."
Chove torrencialmente. Aos primeiros sinais de estiagem, as meninas aproveitam para dar uma volta por esse ambiente de ficção científica. Em seguida, dão uma paradinha no enorme gramado do Congresso para contemplar o céu de Brasília por alguns minutos. Famosa por seu horizonte infinito, daqui a cidade parece bem mais perto do chão. “Esse imenso espaço aberto me faz lembrar o Champs de Mars em Paris, ao pé da Torre Eiffel”, observa Louise D.
AUTOCONFIANÇA GRAÇAS À CAPOEIRA
Mais tarde, as meninas de L'Équipée foram explorar a periferia da cidade. Em uma cidade satélite chamada Varjão, conheceram um grupo de Capoeira muito especial: o Nzinga (www.nzinga.org). O Centro de Convivência Zilda Arns oferece ao grupo um espaço gratuito para praticarem seu esporte.
O Nzinga foi o primeiro grupo brasileiro de capoeira de Angola a ter uma mestre, Janja. Ela vive na Bahia, mas estava com o grupo em Brasília até o dia anterior à visita das meninas. Apesar desse desencontro, houve muitas outras mulheres, homens e crianças com quem as meninas puderam aprender a jogar capoeira! Ao ritmo do berimbau, uma a uma, as meninas confrontam uma capoeirista brasileira.
Essa mistura de gerações chamou a atenção de Cecile e Louise D. "Na França, crianças e adultos não praticam esportes juntos," diz Cecile. "Imagina como foi lindo quando uma criançinha superjovem corrigiu meus movimentos! Foi muito especial. Capoeira, para mim, é soltar o corpo e manter a concentração", disse Louise D.
Pauline vence a timidez e entra na roda. Guiada por sua parceira e embalada pela música. Rapidamente, Pauline adquire confiança e revela seu talento surpreendente na repetição de movimentos. A facilidade com que faz isso é algo lindo de se ver. "É como sexo", diz ela, "com dois corpos que precisam estar no mesmo ritmo".
CAPOEIRA
A capoeira é uma prática cultural brasileira que nasceu nas senzalas, quando os escravos praticavam suas habilidades de combate a fim de se protegerem dos capatazes violentos. Conscientes disso, os capatazes castigavam severamente qualquer um que pegassem treinando. Os escravos começaram então a disfarçar o treino em dança, acrescentando música e outros movimentos.
A capoeira foi proibida até os anos 1930, quando o Presidente Getúlio Vargas a declarou esporte nacional após assistir a uma demonstração. Em 26 de novembro de 2014, a UNESCO deu a este esporte o estatuto especial de "Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade”, pois a capoeira representa a luta e a resistência dos negros brasileiros contra a escravidão.
FIQUEM LIGADOS AMANHÃ QUANDO...
As meninas de L'Équipée mergulham na savana brasileira