A Chanel manteve sua proposta de surpreender os fashionistas e, nesta edição da Semana de Moda, criou a Brasserie Gabrielle, um legítimo café-bar francês, construído dentro do museu Grand Palais. Enquanto os garçons serviam croissants e taças de champanhe aos convidados, modelos hypadas como Kendall Jenner e Cara Delevingne batiam papo nas mesas ou encostadas no balcão, vestidas com a nova coleção da maison.
A grife italiana Valentino, por sua vez, parecia fazer um desfile no formato tradicional, até que, no fim do show, os atores Ben Stiller e Owen Wilson ocuparam a passarela, interpretando seus personagens na comédia "Zoolander". A cena espalhou-se pelas redes sociais, ofuscando todos os outros eventos do dia.
Nos showrooms, as marcas apresentaram os acessórios descolados da temporada outono-inverno; nos museus, novas exposições mostraram o belo casamento entre moda e arte. Ao top cinco do oitavo dia da Semana de Moda em Paris -quase acabando : (
CHANEL
Depois de transformar o Gran Palais num supermercado e num boulevard de protestos para apresentar suas últimas coleções, Karl Lagerfeld agora decidiu construir uma gigantesca Brasserie para mostrar o inverno 2016 da Chanel. Além das saias por cima de calças que já vinha propondo há algumas temporadas e do taller de tweed que é a cara da grife, Karl investiu forte no mix de estampas e texturas, em saias brancas de babado desconstruídas e em jaquetas puffer de náilon ou matelassê. Os acessórios, como sempre, arrancaram suspiros das favoniaras. Havia desde bolsas em formatos de pratinhos da Brasserie, até mochilinhas de tricô que pareciam coletes rentes ao corpo.
VALENTINO
A grife italiana sob o comando de Maria Grazia e Pierpaolo Piccíoli foi o grande talk of the Town do oitavo dia de desfiles. Mostrou uma uma coleção belíssima inspirada tanto dos anos 60 da artista plástica Celia Bitwell quanto na estilista Louise Flöge, esposa e musa do pintor Gustav Klimt. Vestidos longos e esvoaçantes que iam desde os soturnos pretos com incrustações em dourado até os diurnos transparentes riscaram a passarela sob uma música instrumental densa. Isso até que Ben Stiller e Owen Wilson, surgiram, do nada ao som de "Dont You Want Me Baby", e levaram a plateia ao delírio. A aparição faz parte da estratégia de divulgação de "Zoolander 2", novo filme da dupla, e foi a forma de Maria Grazia e Pierpaolo darem o recado para a moda não se levar tão a sério.
PIERO FORNASETTI
Com apoio da grife Valentino, o museu de Artes Decorativas inaugurou a retrospectiva "Piero Fornasetti: A Loucura Prática", reunindo mais de mil peças de todas as fases da carreira do artista italiano. É impressionante ver de perto a maneira precisa com que o designer, pintor e cenógrafo transformava utensílios domésticos, móveis e peças de decoração em obras de arte, cobrindo-as com pinturas que trazem referências à Commedia dell'Arte. Também estão em exibição os lenços e gravatas com estamparia assinada por Fornasetti, além de diversas versões de seu famoso retrato da lua.
OS ACESSÓRIOS DA TEMPORADA
Nos showrooms, as grifes dão a oportunidade aos editores de moda de avaliar de perto os acessórios "must have" da temporada. A Dior, por ora, apresentou a versão mais inovadora para as botas de cano longuíssimo que serão o hit do outono-inverno. Nas mãos do estilista Raf Simons, o calçado é pensado quase como uma meia, que molda-se à perna, cobrindo-a completamente, como se fosse uma segunda pele. O salto de acrílico é um detalhe ao mesmo tempo romântico e moderno. Outra peça da grife que deve ser copiada à exaustão são as golas avulsas, usadas como um colar, batizadas de "Dior in the Jungle". A aposta para a it-bag vem, mais uma vez, da Hermès. Autora das bolsas mais valiosas do mundo, os modelos Birkin e Kelly, a tradicional maison francesa aposta agora na Octógono. Com o mesmo formato da figura geométrica, a branca, em couro de crocodilo, é divina. Pulseiras, lenços, sapatos e chapéus em vermelho e azul-petróleo também são itens marcantes assinados pela Hermès.
ALEXANDER MCQUEEN
A desconstrução da silhueta feminina foi o tema da estilista Sarah Burton, que buscou transformar o corpo das mulheres em uma flor, mais precisamente a rosa, sua fonte de inspiração. Essa influência deu origem a vestidos com saias volumosas, românticos e dramáticos. O uso de tecidos transparentes, rendas e recortes profundos criou peças sexies, que mostram partes estratégicas das modelos. Os casacos em couro brilhante, curtos ou compridos, arrematam com luxo qualquer produção.