Julia Stockler está com os olhos brilhando e sem saber como expressar tamanha alegria com a escolha de A Vida Invisível para tentar uma vaga no Oscar 2020. O filme do diretor cearense Karim Aïnouz tenta uma das cinco indicações da categoria Melhor Filme Internacional, antes chamada Filme em Língua Estrangeira.
No longa-metragem, baseado no romance homônimo de Martha Batalha, a atriz interpreta todas as fases de Guida, irmã de Eurídice Gusmão, e diz que a personagem foi um presente.
"Como atriz, foi uma imersão muito profunda dentro do universo opressor da década de 50 e que, de certa forma, se sustenta até hoje. Diante de sua invisibilidade, Guida ensaiou romper com as estruturas patriarcais, mesmo sofrendo todas as formas de resistência. É com grande emoção que estamos recebendo a notícia e que nosso cinema responde aos desafios desse momento tão delicado da cultura brasileira", afirma.
A artista também elogia o trabalho do diretor e conta que estar em um set de filmagens com ele é entrar no universo da delicadeza e da generosidade.
"Ele sempre exigiu que colocássemos nossos desejos e fôssemos autoras do nosso trabalho. Trouxemos memórias das mulheres que nos inspiram constuindo uma teia de afetos que transparece no filme. Karin é um artista que ama os atores como poucas vezes presenciei na minha trajetória", elogia.
Julia acredita que o ponto mais forte do longa é a universalidade dos afetos interrompidos e ela diz que isso pode ter influenciado na decisão do juri. A intérprete também opina que a indústria cinematográfica brasileira vem se consolidando como uma das mais expressivas do mundo.
"É necessário que os apoios se mantenham e que o respeito à liberdade de expressão seja um valor inegociável."