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"Me mudei com minha família para Rio Branco, capital do Acre, há 12 anos, quando eu tinha 16. Sou natural de Rondônia, cidade vizinha aqui. Não é novidade para ninguém que sofremos todos os anos com as queimadas. Sim, todos os anos. E a situação tem piorado a cada dia. Este ano, sem dúvidas, está sendo o pior de todos. Só nos 20 primeiros dias do mês de agosto, foram quase três mil focos de incêndios aqui na minha região.
Na parte urbana da cidade, é possível ver a fumaça a olho nu. As fuligens se tornaram um grande inimigo. Aqueles restos de queimadas caem do céu a todo momento. A ponto de parar nas nossas vias respiratórias. Tanto que se a gente limpar ou assoar o nosso nariz com um pano branco, ele fica preto. É assustador.
As doenças respiratórias se intensificam cada vez mais. É tosse, espirro e asmáticos por todo lado. A umidade relativa do ar baixa a fumaça impede de respirar. Por onde se passa, não é difícil ouvir uma sinfonia de tosses e reclamações do tempo seco.
Nunca chove nesta época do ano, é o nosso verão. Padecemos com a seca e o calor, e ainda tem queimada para piorar as coisas. Os rios secam, a água é racionada. Li em um site local, que já foram quase 30 mil casos diagnosticados com problemas respiratórios aqui na nossa região. E, claro, o problema se intensifica por causa da fumaça que vem da Amazônia peruana e boliviana, e dos nossos estados vizinhos.
A gente falta morrer por causa da péssima qualidade do pouco ar que respiramos. Na minha terra, o céu fica branco, amarelo, alaranjado.... de toda cor, menos azul.”