Não se deixe levar pelos atributos que fizeram de Paolla Oliveira a mocinha de novela ideal: beleza clássica, sorriso doce e estilo recatado. A atriz paulistana de 32 anos adora um palavrão e se define como “dragão que às vezes cospe fogo”. Essa parte explosiva de sua personalidade – cuidadosamente mantida longe dos holofotes – foi emprestada para a garota de programa bissexual e dissimulada que interpreta agora na minissérie "Felizes para Sempre?", dirigida por Fernando Meirelles.
Não faz muito tempo, no trânsito de São Paulo, a mocinha sofredora do horário nobre foi fechada por um caminhão e quase bateu no poste. Revoltada, ela abriu a janela do carro e berrou uma sequência de palavrões. O caminhoneiro, perplexo, não acreditou que quem estava ao volante era a mesma menina romântica, sempre debulhada em lágrimas, daquela novela que passa depois do "Jornal Nacional". Famosa pelas heroínas de tramas como "Insensato Coração" (2011) e "Amor à Vida" (2013), Paolla Oliveira revelou, em meio a risos: “Sou meio louca quando dirijo”. “Grito palavrões, mando motorista barbeiro para lugares horríveis... Mas aprendi a deixar o vidro do carro fechado. Assim evito brigas.”
É esse lado incendiário que ajudou a atriz na composição de Denise, a personagem de moral duvidosa que interpreta na minissérie com estreia prevista para o dia 26 de janeiro, Paolla vive uma garota de programa contratada por casais para apimentar a relação. “Ela se diverte realizando fetiches. Gosta de mentir, é dissimulada e seduz cada cliente de uma forma. É meu primeiro papel bissexual”, conta. “Gravei cenas de beijos com outras atrizes, mas não foi nenhum desafio. Difícil mesmo foi entender a complexidade do afeto construído com aqueles casais. Fiquei imaginando a que ponto se chega quando as coisas esfriam na cama.”
Nada que ela tenha que aplicar no romance de seis anos com o ator Joaquim Lopes, que vai muito bem, obrigada. “Incluir alguém na nossa cama? Jamais!”, ela garante. Os únicos autorizados a entrar na intimidade do casal são Adjá, um cão da raça boxer, ou os onze gatos que circulam pela casa em que vivem juntos, na Barra da Tijuca, no Rio. A rotina, garante, não atrapalha o relacionamento – pelo contrário, a reconforta. “Joaquim é um homem alto, bonito, engraçado e piadista. O fato de estarmos juntos há tanto tempo nos deixou com uma sensibilidade aguçada para as necessidades do outro.”
Para poder seguir a trajetória artística, Paolla cumpriu a promessa que fez aos pais de concluir a faculdade de fisioterapia. “Foi um estranhamento total quando contei que queria ser atriz. Eles se preocuparam, claro.” Os conhecimentos que adquiriu na área da saúde a ajudaram a tomar certas decisões – evitar passar por cirurgias é uma delas. Ainda mais se o objetivo for estético. “Fiz uma lipoaspiração na parte interna da coxa em 2004 e tive um pós-operatório horroroso. Sofri demais com uma flebite [inflamação na parte interna dos vasos], fiquei com a perna inchada e vários dias de cama”, conta Paolla. “Hoje prefiro me cuidar melhor. Como de maneira regrada, faço minhas drenagens linfáticas e tenho prazer em ir à academia.”
A atriz acha engraçado quando, após um intervalo longe da TV, lhe perguntam: “O que você fez para voltar tão magra?”. "Já sofri muito com o efeito sanfona e as pessoas acompanharam. Então, quando estou de férias, fica todo mundo achando que vou comer sem parar e virar uma jaca.” Certas perguntas nunca deveriam ser feitas a uma lady.
A reportagem e o ensaio completo estão na edição de janeiro de Marie Claire, que chega às bancas na próxima semana.