A Procuradoria Geral da Pensilvânia, nos Estados Unidos, está culpando uma ex-funcionária de um presídio pelo próprio estupro, em resposta a uma ação federal movida por ela.
De acordo com a CNN, a mulher, uma digitadora de 24 anos, trabalhava na prisão estadual de Rockview, em Bellefonte, quando foi atacada em 2013. Ela foi deixada inconsciente e estuprada por 27 minutos pelo preso Omar Best, condenado em três ações anteriores por crimes sexuais e transferido para a prisão depois de tentar atacar a funcionária de outro presídio.
“Apesar de ter conhecimento disso, os réus ainda permitiram o acesso de Omar Best sem ser monitorado à área reservada às funcionárias do sexo feminino”, diz a ação judicial, que também culpa o Estado pelo estupro.
O documento também diz que o superintendente da prisão havia mudado os escritórios para um andar seguro, sem contato com as celas dos detentos. Antes, diz a ação, “não havia portas trancadas entre os escritórios e o bloco das celas, incluindo o bloco C onde a vítima trabalhava”.
Apesar de o detento ter sido condenado pelo estupro em maio e uma investigação na prisão ter levado à exoneração do superintendente, o procurador-geral escreveu na ação que a ex-funcionária “agiu de maneira que contribuiu, no todo ou em parte, para o evento”, na resposta à ação movida por ela.
“É o constrangimento da vítima na sua pior versão”, disse o advogado da ex-funcionária do presídio à CNN. “Pior que isso, é uma tentativa de constrangê-la”, disse Clifford Rieders.
Em nota à imprensa, a procuradoria-geral disse que “o documento é inicial e não deve necessariamente ser interpretado como a posição da instituição ao longo do caso”. O texto também diz que a promotora escolhida para o casao, Kathleen Kane, não estava ciente que o procurador-geral havia incluído este trecho na resposta à ação.
“A promotora Kane está desapontada por não ter tomado conhecimento do assunto antes da apresentação e ficou muito triste em saber que o documento, de forma implícita, afirma que a vítima contribuiu para o crime.”
Para a defesa da ex-funcionária, é “hipocrisia” culpar a vítima como forma de defender os responsáveis da prisão. “Isso mostra uma significativa falta de sensibilidade para entender o mal que esse caso tem feito à jovem, que está sendo novamente vítima agora”, disse a advogada Jennifer Storm.
Os advogados da vítima estão processando o Departamento Prisional do estado, seu antigo supervisor e o ex-superintendente. O detento está cumprindo pena de prisão perpétua.