Se a experiência da maternidade não faz parte dos seus planos, então seja bem-vinda à geração “No Mother”, que já conta com diversas celebridades. As circunstâncias da crise econômica e os altos custos necessários para a criação de um filho, assim como a quebra de alguns tabus sociais, são alguns dos fatores que estimularam muitas mulheres, inclusive famosas como Jennifer Aniston, Cameron Diaz e Zooey Deschanel, a declararem que não desejam se tornar mães, que não possuem o instinto necessário para tal e que não acreditam que a maternidade seja algo obrigatório, mas sim uma opção perfeitamente respeitável.
Elas ignoram os constantes comentários sobre relógio biológico e a pressão vinda dos círculos sociais mais próximos e não dão a mínima para a rejeição, incompreensão e até descrença que surgem em reposta a esse tipo de decisão pessoal. Recentemente, Jennifer Aniston aproveitou para se pronunciar publicamente sobre o assunto. “Eu não tenho este tipo de checklist de coisas que devem ser feitas, e... Se eu não realizei, parece então que eu falhei em alguma parte da minha feminilidade ou em como ser mulher só por não ter dado à luz uma criança”, desabafou em entrevista ao programa de TV norte-americano "Today Show". “Eu já fiz nascer uma série de coisas. Eu me sinto mãe de várias coisas e não acho justo colocar essa pressão [de ter filhos] sobre as pessoas”, acrescentou.
Quem faz coro ao discurso da atriz é Cameron Diaz. “Tenho uma vida genial em muitos sentidos justamente por não ter filhos. É só uma opção”, declarou. E também não negou se tratar de uma decisão difícil de ser tomada. “É uma devoção diária por 18 anos. Mas embora pareça mais fácil não tê-los, essa decisão não é fácil”, admitiu em entrevista à revista "Esquire" americana, onde também pediu compreensão e mais respeito às mulheres que, como ela, decidem escolher o caminho “childfree” (sem filhos).
Zooey Deschanel endossou os discursos das companheiras de profissão. À "InStyle", ela disse: “Como se toda mulher estivesse louca para ter filhos! Eu acho que não. Ninguém pergunta isso aos caras. Você vai a um supermercado e todo tabloide diz ‘Grávida e sozinha!’, preso no ideal dos anos 1950 de como uma mulher deve viver sua vida. Isso acorda a feminista exaltada em mim”.
Renée Zellweger, que interpretou Bridget Jones, que sonhava um dia em ter filhos, também é representante desse grupo. Em entrevista a David Letterman, em 2011, ela declarou que a maternidade nunca foi uma ambição em sua vida. No mesmo time, a comediante Chelsea Handler, ao ser questionada sobre planos de se tornar mãe no programa “The Conversation with Amanda de Cadenet”, disse: “Definitivamente, não quero ter filho e deixá-lo ser criado por uma babá. Não tenho tempo de educar uma criança.”
Diante dessa realidade, a associação britânica Gateway Women, que criou em 2011 um site para estimular discussões sobre o assunto, lançou a sigla "NoMo" e levanta a bandeira de que é preciso reivindicar “o respeito de uma sociedade fundamentada na absurda crença de que uma mulher tem de dar à luz pelo menos uma vez na vida”. Afinal, segundo uma pesquisa feita no Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Austrália, uma em cada cinco mulheres chegaram recentemente aos 40 e poucos anos sem filhos – o dobro do que a geração passada.
“Embora algumas tenham optado ativamente por isso, muitas de nós não temos filhos por alguma circunstância e nos vimos vivendo uma vida que nunca planejamos, e para a qual ninguém tem um roteiro”, escreveu Jody Day, cofundadora da Gateway Women e autora do livro “Rocking the Life Unexpected: 12 Weeks to Your Plan B for a Meaningful and Fulfiling Life Without Children” ("Enfrentando uma vida inesperada: 12 semanas para um plano B de uma vida significativa e plena sem filhos", sem tradução para o português), que foi lançado em setembro de 2013, encabeçou a lista dos mais vendidos da Amazon já no primeiro dia e se tornou a bíblia da geração.