"Qual delas você prefere?”, me pergunta Izabel Goulart, mostrando duas fotos suas no celular. A diferença entre as imagens é pouca: na primeira, ela exibe a silhueta sarada com o mar de Ibiza, na Espanha, ao fundo, enquanto na outra aparece na mesma pose, mas com os cabelos bagunçados pelo vento. Antes que eu pense na resposta, a modelo elege a segunda para subir em sua conta no Instagram, onde mais de 1,2 milhão de seguidores mal notarão o detalhe dos fios esvoaçantes. Ela sabe que a atenção estará mesmo no corpo esculpido à base de muita malhação, exposto no microshort e na camiseta curtinha que deixa à mostra a barriga trincada.
“Não sei não ser sexy”, diz Izabel, destaque no ranking das tops mais sensuais do mundo, segundo o site Models.com, referência no ramo. “Quando estou em frente às câmeras, sou um vulcão. É o que esperam de mim.” A combinação de curvas definidas, cabelo de pantera e pele bronzeada tornou-se um cartão de visita. Foi assim que ela entrou para o time das angels da marca de lingerie Victoria’s Secret há nove anos, e é assim que faz questão de reafirmar sua imagem a cada clique – nesta reportagem e no ensaio ao final da revista, dispensou vários looks mais comportados. “É de biquíni que me sinto confortável. As roupas, muitas vezes, me limitam.”
A Izabel supersexy, no entanto, é apenas uma de suas facetas. Quase todo o resto do tempo ela é a Maria Izabel, garota simples de São Carlos, no interior paulista, para onde faz questão de voltar quando a agenda em Nova York, onde vive desde 2005, permite. “Não sou vaidosa, não uso salto nem make. Se tenho tempo, prefiro ficar com a Harlow a ir para a drenagem”, diz, referindo-se à cadelinha de estimação, uma lulu-da-pomerânia. Também garante ser avessa a festas e está longe de ser a femme fatale que sua persona fashion sugere. Teve três namorados antes de Marcelo Costa, empresário paulista do ramo dos transportes com quem está há oito anos.
A seguir, ela relembra a origem simples, conta os segredos do corpo atlético e fala da chegada dos 30 anos, no próximo dia 23 de outubro (confira a íntegra da entrevista na edição de setembro da Marie Claire que já está nas bancas).
CHEFE DE FAMÍLIA
“Minha profissão é cheia de glamour, mas minha vida não. Quando comecei a ganhar dinheiro, comprei uma casa para minha família em São Carlos. Abri uma loja de materiais de construção para meu pai, que era pintor de parede. Minha mãe é dona de casa, sou a segunda de seis filhos. Ajudei a cuidar dos meus irmãos, já troquei muita fralda e sou expert em resolver cólicas de bebês. Não mudei o estilo de vida de nenhum deles. Trouxe apenas um dos meus irmãos para os Estados Unidos, para estudar [Douglas, de 23 anos, cursa International Business em Miami]. Sou bem cautelosa com dinheiro e tenho uma equipe que me ajuda a administrá-lo.”
MULHER DE 30
“Farei 30 anos, mas ainda não parei para pensar nisso. Por enquanto, só vejo a data como uma possibilidade de reunir meus amigos em uma viagem para a Jamaica ou a Costa Rica. O desejo da maternidade, por exemplo, que todo mundo diz ter, não aconteceu para mim. Eu e o Marcelo fazemos planos, mas agora estamos focados no trabalho. Convivemos bem com a distância, já que ele mora em Americana, interior de São Paulo, e eu em Nova York. Tenho casa nas duas cidades e a cada 15 dias, no máximo, tentamos nos encontrar em alguma delas. Não somos ciumentos e a confiança foi definitiva para nosso namoro.”
SENSUALIDADE CALCULADA
“Quando vi meu nome no ranking das modelos mais sexy do mundo, tive a sensação de ter alcançado um objetivo. Nunca fui a modelo que estourou, que um dia fez um desfile mágico, pegou várias campanhas e no mês seguinte estava em todos os editoriais de moda. Caminhei aos poucos. Virar uma angel me fez ser conhecida mundialmente. Não sei não ser sexy, é de biquíni que me sinto confortável. Gosto do movimento que consigo dar ao meu corpo. As roupas, muitas vezes, me limitam. A profissão também me ensinou a construir essa imagem: sei exatamente o cabelo que me deixa mais bonita e a maquiagem que me favorece.”
MARQUETEIRA E ATRIZ
“Não sou aquele tipo de modelo que resume seu trabalho ao que fazer diante das câmeras. Faço reuniões com meus agentes e até nas campanhas ou fotos para as quais sou convidada dou minhas ideias. Acho que um dia ainda vou dirigir o marketing de uma marca ou criar um negócio ligado a esportes ou saúde. Também sei dizer não para o que ainda não me sinto preparada, como ser atriz, por exemplo. Já participei de seriados americanos, como 'Entourage' e 'Two and a Half Men', mas sempre como a modelo Izabel Goulart. Interpretar uma personagem exigiria um estudo que não tenho. Quem sabe me dedique a isso um dia.”