Ela foi Miss Pernambuco, modelo de passarela e, por causa dos perrengues que passou nesta profissão, decidiu partir para a carreira de atriz. Hoje, Suzy Rêgo interpreta um papel de destaque - e polêmico - na novela das nove "Império". Ela é Beatriz, a mulher do bissexual Claudio, personagem do ator José Mayer. Aos 47 anos, ela é uma mulher bem resolvida e não vê o bissexualidade como tabu. A seguir, confira a entrevista que a atriz concedeu à Marie Claire:
Marie Claire: Em "Império", sua personagem vive uma polêmica: o marido assumiu para ela que é bissexual e, mesmo assim, eles continuam juntos. Por que você acha que ela não se separa?
Suzy Rêgo: Ela sempre soube da condição dele, eles se apaixonaram e o fato de ele gostar de rapazes nunca fez a menor importância e nem interferiu no casamento de quase 30 anos deles. Como este casal decidiu por essa dinâmica desde o início do namoro, com transparência, cumplicidade e sinceridade, eles são muito tranquilos. Ela se sente confortável e é feliz com ele porque não é enganada, traída ou preterida. Ela simplesmente acredita que ama esse homem que é bom marido e pai, e muito discreto quando a bissexualidade dele.
M.C.: Você aceitaria viver na mesma situação da sua personagem?
S.R.: Eu jamais passei por algo parecido, mas pelo meu jeito talvez eu teria muita dificuldade em ter um relacionamento como o dela porque não é só questão da escolha sexual, mas sim de não ser digno da confiança do outro. A força da estrutura da história de Claudio e Beatriz é que desde o início eles foram transparentes, independente da opção sexual dele. Fora isso, eu sou exclusivista, uma mulher que se dedica a uma pessoa e gosta também da via de mão dupla. Sempre fui mais namoradeira, de relacionamentos longos, mas não tenho nenhum preconceito ou observação a fazer para quem tem a relação aberta.
M.C.: Acha que muitas pessoas vivenciam essa situação fora da ficção?
S.R.: Sim, e isso acontece de algumas formas diferentes. Nem muitas pessoas têm só um relacionamento e enganam o parceiro sobre isso. Algumas tem até uma vida paralela, outros vivem uma mentira. E muitos acham que não há mulher compreensiva como a Beatriz, mas existe, sim! Cada casal tem a sua forma de se relacionar.
M.C.: Você já trabalhou como modelo e foi Miss Pernambuco . O que você acha dessa nova geração de modelos que se preocupam com o corpo e malham bastante?
S.R.: Eu sou de uma época de modelos dos anos 80, quando se importava muito pouco com atividades físicas e saúde. Então, para conseguir pegar um desfile ou trabalho era necessário ficar sem comer, passar fome mesmo, até chegar ao ponto de desmaiar em estúdio. Fazíamos dietas loucas para ter perda de peso imediata, loucuras que normalmente eram nocivas, como passar o dia comendo folhas ou não comendo nada, porque éramos pressionadas pelo mercado e pela agência. E era muito difícil ter um elogio porque nessa época as modelos eram muito maltratadas. Agora, essa geração percebeu que se alimentar bem e fazer atividades físicas irá deixá-las mais seguras, belas e preparadas para enfrentar a maratona de desfiles.
M.C.: Você sente saudades da época de miss e modelo?
S.R.: Nada! Se você pensar em uma pessoa menos saudosista possível, essa sou eu. Sou muito focada no presente. Já morei no Japão, trabalhei em Nova York, na França e foi tudo maravilhoso, mas passou.
M.C.: Recentemente, você emagreceu e passou do manequim 50 para o 44. Como foi este processo?
S.R.: Busquei o Vigilantes do Peso e a equipe tem me dado várias lições. Nesta dieta, você pode comer de tudo, mas em quantidades pequenas. Na minha bolsa tem sempre uma marmita com fruta ou algum lanche. Agora, estou usando manequim 44 e costumo brincar que estou quase cabendo no 43 (risos), mas minha meta é atingir 42.
M.C.: E você continua com os trabalhos de modelo, mas como plus size. Como entrou nesta área?
S.R.: O que deixou muito feliz foi quando eu reduzi duas medidas no Vigilantes do Peso e fui convidada para fazer uma campanha deles, em 2012. Eu fiz também um catálogo para uma amiga minha que tem uma marca de tamanho grandes, que começa no 44 e vai até o 60.
M.C.: O que você acha deste segmento da moda que valoriza mulheres que são mais 'cheinhas'?
S.R.: Quando eu estava me sentindo muito incomodada com o meu sobrepeso era porque fazia mal à minha saúde. Eu fiz uma série de exames rotineiros e os resultados foram bem insatisfatórios. Além disso, tinha dores nas costas. Eu não faço apologia a nada, nem a magreza excessiva e nem ao desleixo. Se você usa manequim 48 e tem uma rotina de alimentação saudável e pratica atividade física, então parabéns! Todo tamanho tem sua beleza, mas eu sou bastante enfática nesse aspecto, me preocupa fazer a valorização do sobrepeso ou da obesidade, incentivando moças e mulheres a ter péssimos hábitos para conquistar um espaço.