Pouco se sabe sobre a vida de um morador de Osasco (SP) que faleceu há 13 dias no Pronto Socorro Dr. Corado Cesarino Nuvolini, mais conhecido como Santo Antonio. Sem família ou amigos, sua morte passaria desapercebida se não fosse pela presença do cão que o acompanhou em seus últimos momentos.
José Ricardo, de 60 anos, chegou ao atendimento de urgência no domingo (20) em uma ambulância e foi seguido desde casa pelo animal da raça boxer. Lá, ficou internado por três dias antes de ser dado como morto. Antonio, como foi apelidado o pet, permaneceu todo este tempo do lado de fora do pronto socorro aguardando a volta do dono. Mesmo com o passar dos dias, o cão não ameaçou deixar o local.
“Cada um que saía [do carro de resgate] ele ia cheirar para ver se era Ricardo”, contou a diretora administrativa do pronto socorro, Cleide Morales, 58, à Marie Claire. O animal era a única companhia do homem que faleceu possivelmente por complicações de um quadro de diabetes e pressão alta. A causa do óbito não foi informada.
A permanência do cão chamou a atenção de outros pacientes que procuravam ajuda médica no local, como do morador Jonas Sapata, 32. “Perguntamos aos funcionários sobre o animal e eles nos contaram o que aconteceu. Então decidi fotografar e fazer a divulgação no Facebook para ver se alguém se compadecia”, disse.
Sapata também teve a idéia de conversar com uma professora, chamada Beatriz Silva, que ajuda animais abandonados. Mas a história já havia chegado aos seus ouvidos."Recebi o pedido de um enfermeiro no domingo as 23h. À meia noite fui bucá-lo", contou. "O levei à um abrigo temporário e depois ao veterinário para saber sobre sua saúde", disse.
As notícias não foram nada animadoras. Silva descobriu que o velho companheiro de Ricardo estava bastante doente. "Ele tem câncer", lamentou. Antonio teve que passar por uma cirurgia para retirar dois tumores. O custo do procedimento, avaliado em R$540, foi bancado por ela mesma e contou com ajuda de doações.
Antonio passa bem e assim que se recuperar totalmente será entregue para adoção. “Já temos candidatos”, afirmou a professora. Ela explicou que fará uma entrevista com os interessados para garantir que o cão seja bem tratado pela família que o acolher. Além disso, terão que assinar um termo em que se comprometem com o bem estar do animal.