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Sergio Marone defende que homens explorem sexualidade “de maneira mais aberta”

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Sergio Marone  (Foto: divulgação )

 

Sergio Marone estreia nesta quinta (19) o filme Jesus Kid, no qual atua e é produtor. O longa será exibido no Festival de Cinema de Gramado e pode ser assistido no Canal Brasil às 21h30. Baseado no livro de Lourenço Murarelli (que escreveu O Cheiro do Ralo, adaptado para o cinema em 2006 com Selton Mello), a nova produção, com previsão de chegar aos cinemas no fim do ano, conta a história de um escritor de western (faroeste) em crise e tem Paulo Miklos no elenco.

O projeto está nas mãos de Marone faz quase dez anos e marca sua estreia atrás das câmeras. Famoso por novelas como O Clone (2001) e Paraíso Tropical (2007), ele despontou no cinema em Os Dez Mandamentos: o filme (2016), sucesso de bilheteria com mais de onze milhões de ingressos vendidos. Bem mais ousado do que a trama bíblica, Jesus Kid gerou comentários por ter uma cena de nudez de Sergio.

Mostrar o corpo, no entanto, não é novidade para ele. Nas redes sociais, Sergio aparece bem à vontade e chegou a assinar com uma marca de cuecas para ser garoto propaganda. Em seu canal no YouTube, se dedica a desmistificar os tabus que cercam a sexualidade masculina. Em entrevista à Marie Claire, ele fala do processo de levar Jesus Kid aos cinemas e defende um novo olhar para o corpo masculino.

 

 

MARIE CLAIRE: Como chegou neste projeto e como foi trabalhar atrás das câmeras?
SERGIO MARONE:
Eu estava de férias na Bahia com uma ex-namorada e um amigo dela, na praia conversando sobre o quanto eu estava em busca de uma história para produzir, que tivesse um personagem que eu pudesse fazer e que fosse diferente de tudo o que eu tivesse feito. Ele me falou do livro Jesus Kid, eu li, comprei os direitos, saí procurando um diretor e conheci o Aly Muritiba, que estava exibindo um curta no Hollywood Brazilian Film Festival, em Los Angeles. Foi um processo de muito aprendizado e paciência. Levou quase dez anos para levantar todo o dinheiro e fazer acontecer, e ao mesmo tempo eu estava muito à vontade e bem acompanhado. Foi difícil controlar a ansiedade quando começamos a filmar, em um hotel que alugamos em Curitiba por um mês. Eu ia para o set mesmo quando não filmava, e ver nascer foi muito emocionante.

MC: Você é conhecido por trabalhar na TV, tem vontade de fazer mais cinema? Que histórias tem vontade de contar?
SM:
Tenho muita vontade de fazer mais cinema, e isso me fez querer produzir porque os convites são mais escassos, e agora estamos em um governo que persegue, literalmente, a cultura e o que faz a população pensar, refletir e se enxergar, então ficou ainda mais complicado. Tenho vontade de contar histórias que ampliem o olhar das pessoas sobre diferentes assuntos. A arte existe para transformar as pessoas. Jesus Kid é o primeiro de uma série de produtos audiovisuais que tenho vontade de produzir e é o tipo de história que quero contar, com humor, mas também com muita crítica social, política, de forma muito sofisticada.

Sergio Marone e Paulo Miklos no filme Jesus Kid (Foto: divulgação )

 

MC: Em Jesus Kid você tem uma cena de nudez. A gravação de momentos assim requer algum cuidado especial?
SM:
Um dos cuidados básicos é reduzir ao máximo a equipe, então para gravar esse tipo de cena só fica no set quem é absolutamente necessário. E temos a luz e sombra do cinema.

MC: Você compartilhou recentemente uma cena de Paraíso Tropical na qual também aparece nu. Desde a primeira vez sem roupa você esteve à vontade ou foi um processo?
SM:
Eu encaro com certa naturalidade quando faz sentido. Não me lembro de alguma vez ter feito um nu sem sentido. O Humberto (personagem da novela) era um michê, nada mais natural do que em uma cena ou outra ele aparecer na cama pelado. Quando faz sentido não tem por que não ficar à vontade, até porque é o meu corpo mas quem está pelado é o personagem.

Sergio Marone  (Foto: divulgação )

 

MC: A nudez masculina ainda rende discussões. Você se sente quebrando algum tipo de tabu ao mostrar o corpo sem preocupações?
SM:
Quando, em um filme como Jesus Kid, se opta por colocar o personagem título nu, a gente quer contribuir para alguma reflexão e quebra de tabu, sem dúvida. O cinema explorou bastante o corpo feminino, e de forma bastante sexualizada, e agora vivemos um momento de buscar equilíbrio, igualdades entre os gêneros. Acho que tratar a nudez masculina de forma mais natural faz parte de um processo no qual os homens exploram sua sexualidade de maneira mais aberta, abrangente. Assim como a objetificação do corpo masculino, que percebo muito dependendo da foto que eu posto, recebo uns comentários absurdos, mas vejo como parte desse processo de desmistificação, porque isso só acontecia, e ainda acontece, com o corpo feminino. Pra quebrar esses tabus é preciso que os homens explorem esse assunto de forma mais natural.

Sergio Marone no filme Jesus Kid (Foto: divulgação )

 

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