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"Quando há uma deformidade, a cirurgia plástica adianta mais do que muitos tratamentos", afirma Ivo Pitanguy

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DOUTOR IVO PITANGUY FALA SOBRE CIRURGIA PLÁSTICA PARA PESSOAS DE BAIXA RENDA (Foto: GETTY IMAGES)

O sonho de reparar algo incômodo no rosto, no corpo e se sentir mais bonita se tornou possível para os mais necessitados devido à ideia do Doutor Ivo Pitanguy. O médico criou o serviço de cirurgia plástica estética ou reparadora gratuita para quem não tem condições de pagá-la. O atendimento acontece na enfermaria da Santa Casa da Misericódia, no Rio de Janeiro. A seguir, leia a entrevista que o cirurgião plástico concedeu à Marie Claire.

Marie Claire: Como surgia essa ideia?
Doutor Ivo Pitanguy: Há mais de 50 anos, quando eu voltei de países como o Estados Unidos, a França e a Inglaterra, percebi que no Brasil não existia atendimento de cirurgia plástica para a população. Então, eu criei o serviço na enfermaria da Santa Casa da Misericórdia. A deformidade não se mede pelo seu tamanho, mas pelo impacto que causa na vida íntima da pessoa. O objetivo é dar importância a um defeito que é aparentemente pequeno, mas grande para aquela pessoa que o tem.

M.C.: Como funciona o serviço?
I.P.: A estrutura é muito bem montada. Tem um ambulatório e a pessoa é vista por médios e assistentes, para que eles deem um diagnóstico. Os casos são discutidos para ver se o quadro é realmente aquele, eu também estou presente neste momento. Tem também uma equipe clínica para fazer a avaliação de risco cirúrgico, e outra que faz a avaliação estrutural da pessoa para saber se ela tem o peso ideal ou não. Em suma, o objetivo é que a pessoa seja atendida como em qualquer serviço clínico.

M.C.: Quais são as pessoas que mais procuram a cirurgia plástica?
I.P.: Nós temos todos os tipos. Desde quem mora no subúrbio até alguém de classe média baixa, ou classe média, mas que não tem recursos para pagar um cirurgião plástico. Na realidade, é um serviço que tem uma variedade muito grande de procura, não existe uma classe social definida.

M.C.: O Brasil é o segundo país do mundo em número de cirurgia plástica, só perde para os Estados Unidos. Por que você acha que os brasileiras se preocupam tanto com a estética?
I.P.:  O país é muito exposto ao sol, o que faz com que as pessoas sejam rigorosas em relação ao corpo e a aparência. Além disso, existem dois fenômenos que implicam essa preocupação: o primeiro é problema da obesidade [doença que afeta grande parte da população brasileira]; e o outro é o fato de existir certa qualidade de cirurgia plástica no Brasil. Em qualquer lugar que você vá existem profissionais bem formados.

O DOUTOR IVO PITANGUY E SUA EQUIPE REALIZANDO UMA CIRURGIA PLÁSTICA (Foto: Divulgação)

M.C.: Acredita que as mulheres se importam mais aque os homens com a aparência?
I.P.: Existe um excesso de preocupação com a imagem, e isso não é bom, é nocivo. As pessoas tem que olhar mais para dentro e menos no espelho. Assim, talvez, elas vão ficar mais felizes. Mas quando existe de fato uma deformidade, como um nariz feio ou envelhecimento precoce da pele, a cirurgia plástica adianta mais do que muitos tratamentos.

M.C.: Quais são as cirurgias que o público femino mais pede?
I.P.: Normalmente são mulheres que têm as mamas muito pesadas que causam problemas de estrutura, como dores na coluna. A abdominoplastia é outro cirurgia frequente, principalmente para as que tiveram muitos filhos. E tem também pessoas que nasceram sem mama nenhuma e querem ser como as outras mulheres que têm seios. Ninguém quer ser diferente dos outros.

M.C.: Como as pessoas se sentem com o resultado da cirurgia?
I.P.: A correção tem que estar dentro dos anseios, mas também dentro das suas limitações. Então é muito importante a palavra do médico, que possa avaliar o que a pessoa quer e dizer o que não pode, porque muitas vezes o desejo vai além da possibilidade.

 


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