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Em 2020, uma mulher foi vítima de feminicídio a cada 7 horas no Brasil

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Protesto contra feminicídio no Consulado da Guatemala, em São Paulo, 2017 (Foto: Cris Faga/NurPhoto via Getty Images)

 

Em 2020, 1 mulher foi assassinada a cada 7 horas no Brasil por sua condição de gênero. É isso que aponta o novo levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. No total, foram registrados 1350 casos de feminicídio no país. Mais da metade das vítimas foram mortas em casa. Um aumento de 0,7% se comparado a 2019.

A taxa, no entanto, não considera o número de homicídios de mulheres que chegou a 3.913, ou seja, 1 a cada 2 horas. O estado com maior índice é o Mato Grosso com 3,6 mortes a cada 100 mil.

Produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Anuário se baseia em dados das secretarias de segurança pública estaduais, pelas polícias civis, militares e federal, entre outras fontes oficiais da Segurança Pública.

 

 

 

Em relação às circunstâncias das mortes e perfil das vítimas, o estudo revela que 1 a cada três mulheres tinha entre 18 e 29 anos. 62% delas eram negras.

E 9 em cada 10 mulheres foram mortas pelo companheiro ou algum parente próximo. Nos casos de homicídio, esse índice chega a 14,7%, ou seja, foram vítimas do parceiro ou ex-parceiro íntimo – o que segundo o Fórum deveria constar automaticamente como feminicídio.

1 a cada três mulheres tinha entre 18 e 29 anos. 62% delas eram negras

Além desses dados, o Anuário mostra outros referentes à violência doméstica e sexual cometidos em 2020. Em relação aos chamados de ajuda nos casos de agressões, foram feitas 1,3 ligações a cada minuto de 2020, num total de 694.131 no ano. Um aumento de 16,3% em relação a 2019. Enquanto houve 230 mil registros de lesão corporal.

Em relação à violência sexual, foram notificados 60.460 casos, sendo que  87% das vítimas eram mulheres e 61% tinham até 13 anos – o que configura como estupro de vulnerável.

Segundo Samira Bueno, diretora executiva do FBSP, ainda não é possível dizer se o aumento dos casos de feminicídio ocorreu em função da pandemia e do isolamento social – situação que poderia vulnerabilizar as mulheres por estarem trancadas com seus parceiros. No entanto, Samira chama a atenção para os casos de medidas protetivas e mais mulheres buscando auxílio da Justiça: “Percebemos crescimento do número de medidas protetivas de urgência concedidas pelos tribunais de justiça e também dos acionamentos do 190 (PM). Só na PM foi um acionamento por minuto em 2020, um volume imenso de mulheres em situação de violência doméstica que tem demandado acesso à justiça.”

A respeito das medidas possíveis para o combate da violência contra a mulher, Jamila Jorge Ferrari, delegada de polícia coordenadora das  Delegacias de Defesa da Mulher do Estado de SP, afirma que é necessário que seja feito um trabalho em rede, que envolva os três poderes, estados e municípios. E diz que a educação ainda é a melhor ferramenta para mitigar esse problema. “Quando um crime acontece, tudo que aconteceu antes, todas as atitudes anteriores deram errado, e aí acaba com a morte dessa mulher. Então, nós sabemos que precisa de um trabalho tão profundo em nível estadual e municipal e, principalmente, em nível federal, voltado sempre para a modificação do pensamento machista, desse pensamento patriarcal e isso só seria possível por meio de uma educação de base".


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