Uma empresa de lingerie acredita estar fazendo uma revolução tão grande quanto a das feministas que queimaram os seus sutiãs na década de 60. A "start-up", como são conhecidas as empresas que investem na tecnologia e na inovação para revolucionar o mercado, está focada em criar o sutiã perfeito.
Segundo Michelle Lam, CEO da True & Co, a curvatura do seio seria o componente mais importante para criar o sutiã perfeito e esse detalhe havia passado despercebido dos fabricantes de lingerie durante anos. "Nós fomos os primeiros a começar a olhar para como isso afeta o ajuste. Agora, todos falam sobre isso."
A True & Co pesquisou um milhão de mulheres e seus seios para fazer a sua linha de roupa íntima. A empresa foi lançada em 2012 e recebeu apoio de financiadores interessados em seu projeto, interesse que cresceu neste último ano.
Para modelar com perfeição, a empresa identificou mais de 6.000 tipos diferentes de mamas e os transformou em pontos, igual ao de um desenho em 3D. Os cientistas de dados que trabalham na empresa organizaram todas as informações sobre formatos, tamanhos e ângulos em um sistema de código de cores, chamado de Spectrum, que classifica os tipos de mamas.
"Você não acreditaria na quantidade de dados que o nosso sistema tem que lidar em tempo real", contou Lam. Ela diz que o algoritmo de dados é a chave para o futuro, não só na hora de comprar sutiãs, mas na forma como as mulheres vão fazer compras em geral. Os maiores varejistas, de acordo com Lam, não buscam saber o que as clientes pensam. Já o sistema da True & Co se baseia no feedback das clientes sobre a forma única de seus corpos.
No Spectrum, há oito categorias de cores, com base no tamanho, forma, ajuste e especialmente curvatura. Peitos de tamanho menor e redondos são considerados Violet. Citrino é o tipo mais cheio e redondo, o mais comum, 28% das mulheres americanas estão nesta categoria.
A empresa admite que seu algoritmo não é perfeito. A True & Co deixou satisfeitas 8 em cada 10 mulheres. Ainda não há, por exemplo, um bom sutiã para o tipo "Mulberry", que se adapte às "mulheres cheias na lateral", 3% da população americana, admite Lam.
A empresa, no entanto, não é a única a fazer perguntas e suposições sobre o tipo de sutiã ideal. A Victoria's Secret começou a pedir às clientes dados para ajudar a encontrar o encaixe perfeito há alguns meses. O questionário é muito semelhante ao que a True & Co já havia criado. A tendência de personalização está em alta no gigante mercado de lingeries, estimado em US$ 12 bilhões nos EUA.