As mulheres devem ganhar mais um artifício na luta contra a violência doméstica. Uma parceria de duas organizações brasileiras, o Geledés Instituto da Mulher Negra, de São Paulo, e a Themis, do Rio Grande do Sul, está para lançar o PLP 2.0, um aplicativo inédito no Brasil para apoiar mulheres vítimas de agressão. "Chegamos a conclusão de que é preciso novos esforços da sociedade para ajudar no combate efetivo à violência contra a mulher", afirmou a coordenadora executiva do Geledés, Sueli Carneiro.
De acordo com ela, o app terá duas dimensões: "a primeira é emergencial, tentar salvar vidas e evitar a violência por meio de um botão que, ao ser acionado, não só grava áudio e vídeo para criar provas da violência, como aciona uma rede que entra em ação para proteger a mulher, como patrulhas Maria da Penha, varas especializadas e delegacias de defesa da mulher. A segunda dimensão, que é a mais complexa, pretende reunir organizações de mulheres, promotoras legais populares, agentes públicos, para que multipliquem essa consciência social sobre a questão da violência, por meio de depoimentos, textos e palestras. Queremos agregar o máximo de informação", explicou Sueli.
Para tentar viabilizar o projeto, as organizações estão participando do Desafio de Impacto Social Google Brasil, concurso que irá selecionar quatro iniciativas para melhorar a vida dos brasileiros. Os ganhadores receberão um financiamento de R$ 1 milhão, ao longo de três anos. O anúncio dos vencedores será nesta quinta-feira (8). Caso seja um dos escolhidos, a previsão é que o app PLP 2.0 seja lançado em, no máximo, um ano.
Hoje em dia, o Brasil possui um dos maiores índices de violência doméstica do mundo. Na última década, 43,5 mil mulheres foram assassinadas no país, 4.500 por ano.
"A sociedade tem que se apropriar desse tema e dizer que os padrões de violência e de feminicídio que o Brasil apresenta não são aceitáveis. Só desta forma conseguiremos mudar a cultura do machismo. Temos que conscientizar as pessoas de que em briga de marido e mulher, a gente tem que meter a colher. Não dá para ouvir a vizinha apanhar e não fazer nada", afirmou Sueli Carneiro.