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Moda com humor: o novo livro de Ellen von Unwerth

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Cores vibrantes e superexposição de brancos pontuam o trabalho dA  ALEMÃ que acaba de virar livro (Foto: Reprodução)

 

Ela é para Claudia Schiffer, Adriana Lima e Alessandra Ambrósio o que Mario Testino representa para Gisele Bünd­chen e Kate Moss. Responsável por lançar algumas das principais tops do mercado, a fotógrafa alemã Ellen von Unwerth, 63 anos, revolucionou o mercado de moda ao imprimir uma linguagem supercolorida, divertida, sexy e ao mesmo tempo sofisticada. Foi, durante os anos 90, o grande contraponto à estética da heroin chic, que glamourizava mulheres com aspecto doente, magras demais, tristes demais. “Sempre busco por vida em minhas imagens. Nelas, as mulheres são fortes, descontraídas, poderosas. Estão se divertindo. Para mim, nas fotos, nem as acho tão sensuais assim”, afirmou Ellen à revista Flare.

Cores vibrantes e superexposição de brancos pontuam o trabalho dA  ALEMÃ que acaba de virar livro (Foto: Reprodução)

 

 

Em Heimat (Taschen, US$ 850, 454 págs.) – seu mais recente livro, ainda sem previsão de chegada ao Brasil e cujas fotos ilustram esta reportagem –, a fotógrafa repetiu a fórmula que lhe é tão característica em uma locação para lá de especial: a Bavária, região montanhosa da Alemanha onde nasceu e cresceu. Foi lá que, órfã aos 2 anos de pai e mãe – mortes cuja causa a fotógrafa prefere manter longe dos holofotes –, foi viver em um orfanato. Até sair e partir para Munique, aos 18, indo parar em um circo. “Fiquei maravilhada quando assisti a um espetáculo dos Roncalli, o grupo circense mais famoso da Alemanha. As fantasias, as cores, era tudo como um sonho. Ao final do show, fui até os bastidores e pedi emprego a Andre Heller, diretor da companhia. Virei assistente de palco e ajudante do palhaço”, contou em entrevista à Vanity Fair. É de lá e também de clássicos do cinema que tira muitas das referências para seu trabalho: nas cores, nas atitudes das modelos e nas cenografias.

No set de Ellen, o clima é sempre de descontração. As fotos são feitas em sequência, como seu um filme estivesse sendo gravado (Foto: Reprodução)

 

Dona de uma vida pouco comum, cheia de reviravoltas, morou em uma comunidade hippie até achar que era hora de partir para a faculdade. Mas nem chegou até ela. Acabou sendo descoberta no caminho por um olheiro da Elite, agência de modelos do lendário scouter John Casablancas. Com 1,73 m de altura, olhos verdes e corpo esguio, passou dez anos no mercado, onde foi fotografada por nomes como Helmut Newton, Guy Bourdin e Oliviero Toscani. “Cada um tinha um jeito peculiar de trabalhar. Bourdin ficava em um estúdio minúsculo, frio, e estendia as sessões até as 22h. Ficávamos exaustos, congelando. Toscani gostava de fotografar grandes grupos, com todos em movimento. Mas não imaginava que acabaria na mesma profissão que eles”, contou.

A estética sexy é a mesma que acompanha  a fotógrafa desde o início da carreira (Foto: Reprodução)

 

 

A mudança para os bastidores Foi com uma câmera que ganhou de presente de um namorado da época, também fotógrafo, que Ellen fez os primeiros cliques. Estava de viagem marcada para o Quênia, onde teria um trabalho como modelo. Nos momentos de folga, registrou a natureza e os habitantes locais. Um amigo, dono de uma revista francesa independente, resolveu publicar o material em seis páginas. Ellen começou, então, a deixar a profissão de modelo de lado para investir no fotojornalismo, até hoje uma de suas paixões. Mas, aos poucos, as amizades dos tempos de moda a levaram novamente para o mundo fashion. Só que, desta vez, para o lado de trás das lentes.

A estética sexy é a mesma que acompanha  a fotógrafa desde o início da carreira (Foto: Reprodução)

 

Feminista, até por acreditar que não há como ser diferente se você é mulher, gosta de dizer que as modelos oferecem a ela seu lado sensual porque sabem o quanto as respeita. “Nunca as coloco numa posição de subjugadas. Elas me emprestam seu poder, eu devolvo na mesma dose”, explica. No set, faz questão de ter equipes de produção enxutas e que não atrapalhem o improviso. Suas modelos são as donas da situação.

À esq., a fotógrafa. Ao lado, Heimat, o nono livro de sua autoria, recém-lançado pela Taschen (Foto: Reprodução)

 

Os ensaios acontecem sempre em sequência, como se os envolvidos estivessem rodando um filme. “Ellen foi uma das primeiras fotógrafas com quem trabalhei quando cheguei a Nova York”, diz Alessandra Ambrósio, lançada pela alemã em uma campanha da Guess, em 2000. “Nem falava inglês, mas conseguimos nos entender de cara. Gostei da sua estética, do lado provocativo. As imagens têm vida, sempre surgem de uma história que ela quer contar.” A americana Jasmine Tookes, angel da Victoria’s Secret e outra das favoritas de Ellen, concorda. “Na primeira vez que fotografamos juntas, em 2007, havia oito garotas em cena e dançamos por todo o estúdio, como se estivéssemos numa enorme pista de dança”, lembra. “Seus ensaios são como uma explosão. Você sente que ela realmente ama o que faz.”

“As modelos me emprestam seu poder. Eu o devolvo na mesma dose”
Ellen von Unwerth, 63 anos

 

Da região montanhosa da Bavária, terra onde nasceu, A alemã recupera as vestimentas e o clima campestre (Foto: Reprodução)

Colaborou: Fernada Moura Guimarães / Fotos: divulgação taschen / reprodução


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