Quantcast
Channel: Marie Claire
Viewing all articles
Browse latest Browse all 305965

Mecenas brasileira

$
0
0
A colecionadora em seu apartamento, em Paris (Foto: Renata Charveriat )

Antes de Sandra Hegedüs, nenhuma brasileira havia conquistado este feito notável: a paulistana de 52 anos integra, hoje, conselhos dos principais museus e espaços de artes de Paris. Ela faz parte do círculo internacional do Centro Georges Pompidou, onde compra itens de artistas latino-americanos, e do Centro Nacional de Artes Plásticas, órgão do Ministério da Cultura francês que dá subsídios a galerias e artistas. Recentemente, também foi convidada para ser curadora de um espaço na feira de arte de Mônaco, para onde levou peças do brasileiro Julio Villani.

Seu trabalho mais importante, no entanto, é realizado no Palais de Tokyo, centro de arte contemporânea referência no mundo. Lá, além de ser membro do conselho, Sandra realiza as exibições de seu projeto, o SAM Art Projects. “As pessoas vinham à minha casa e gostavam de obras da minha coleção feitas por Dora Longo Bahia ou Nazareth Pacheco, artistas que já participaram de bienais, são famosas no Brasil, mas, na Europa, ninguém conhecia”, conta ela. “Criei o SAM em 2008 para ajudar quem está fora do eixo Estados Unidos-Europa”, explica. Assim, a empresária lançou uma residência para jovens artistas, que resulta numa exposição anual, e financiou, entre outros, os brasileiros Henrique Oliveira e Rodrigo Braga. A atual mostra do SAM no Palais é dedicada a Gareth Nyandoro, da Tanzânia. O programa também dá um prêmio em dinheiro para artistas franceses (residentes ou não no país).

Colecionadora desde os anos 80, década em que estudou cinema na Faap e teve como colegas a mesma Dora Longo Bahia – cujo quadro (preços estimados hoje entre R$ 60 mil e R$ 80 mil) está numa das paredes de sua sala –, Sandra faz tudo com investimento próprio. Para arrecadar fundos, abre as portas de seu apartamento em Paris para animados jantares e festas, num ambiente inspirador: há arte contemporânea espalhada por todos os cantos. “Não faço ideia de quantas obras tenho. Neste ano, comprei entre 15 e 20”, diz. “É uma paixão que me devora. Um vício.”

“Não faço ideia de quantas obras tenho. Para mim, colecionar é um vício. Uma paixão que me devora”

A paixão de Sandra nasceu quando ela ainda era criança. Filha de judeus que migraram para São Paulo durante a Segunda Guerra (o pai é húngaro, a mãe, francesa), cresceu cercada por livros de arte da avó e se lembra com carinho das visitas ao Masp, museu onde também atua como conselheira. “O Masp me formou: agora devolvo o que ele me proporcionou”, diz.

Desde que mudou para Paris, nos anos 90, Sandra atuou como produtora audiovisual até se casar e ter três filhos, hoje adolescentes. “Parei de trabalhar um tempo e, quando voltei, precisava me reinventar. Foi quando criei o SAM”, conta. Sua rotina inclui visitas a bienais, feiras e exposições ao redor do mundo em busca de novidades. Quando não está viajando, dedica-se também ao garimpo de roupas vintage. “Tenho um verdadeiro fetiche por Saint Laurent, que é, ao mesmo tempo, sexy e rocker”, diz ela. “Posso ser mãe, trabalhar muito, mas quero estar sempre sexy. Quero chegar assim aos 80!”

Imperdíveis lá e cá
Coloque na agenda exposições de grandes nomes no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos.

Damien Hirst  (Foto: Divulgação)

damien hirst
O britânico quase roubou a atenção da Bienal de Veneza com a mostra Tesouros da Destruição do Inacreditável, no Palazzo Grassi (até 3/12). O ambicioso projeto narra a história de um navio naufragado e da descoberta de seus tesouros por meio de instalações e esculturas. www.palazzograssi.it

Toulouse-Lautrec (Foto: Divulgação)

toulouse-lautrec
Famoso por retratar a alma boêmia parisiense, o pintor tem 75 obras, entre pinturas, cartazes e gravuras, reunidas até 1º de outubro no Masp, em São Paulo. Batizada de Toulouse-Lautrec em Vermelho, a exibição concentra-se na temática sexual de suas obras. masp.org.br

Hélio Oiticica  (Foto: Divulgação)

hélio oiticica
A retrospectiva do artista brasileiro no Whitney Museum, em Nova York, reúne desde desenhos e pinturas geométricas, feitas nos anos 50, passando por trabalhos tridimensionais e os famosos parangolés da década de 70. whitney.org


Viewing all articles
Browse latest Browse all 305965