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Operação biquíni: argelinas fazem manifestação contra assédio

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"Operção biquíni" tem mais de 3200 adeptas em grupo fechado no Facebook (Foto: Thinkstock)

 

Na Argélia, país de tradição muçulmana onde o burkini é quase norma nas praias, uma mulher decidiu lançar uma ação em nome de todas que querem se vestir como bem entendem quando vão às areias. A "operação biquíni" foi lançada por uma argelina (sob o pseudônimo de Sara) no último dia 5 de julho, em Annaba, no nordeste do país.

Em entrevista ao jornal local "Provincial", Sara explicou que a inspiração para o movimento aconteceu quando ela foi à praia com a família na ocasião do Aïd - a festa que celebra o fim do jejum do Ramadã. Quando chegou ao local, a jovem de 27 anos percebeu que era a única mulher presente e preferiu manter-se vestida por medo de comentários alheios. Apesar de o uso do biquíni não ser formalmente proibido no país, a peça ainda é objeto de preconceito social - muitas mulheres são ameaçadas ou até assediadas por usarem as duas peças publicamente. Ao chegar em casa, Sara não teve dúvidas e criou um grupo no Facebook para se unir à outras conterrâneas que compartilhavam do mesmo ponto de vista.

Haters
Dali foi um pulo para a questão passar de discussão em rede social para ação concreta. No dia seguinte, último 5 de julho, quarenta mulheres que participavam do grupo decidiram ir à praia de Seiraidi e tomar banho de bar vestindo biquíni. Rapidamente o movimento viralizou e tomou amplitude. O grupo que começou com apenas 40 pessoas hoje conta com mais de 3200 membros e vem organizando encontros de biquíni pelo país. Fotos do que foram chamados de os "banhos de mar republicanos" mostrando mulheres vestindo as duas peças começaram a surgir nas redes sociais. Os comentários odiosos, claro, seguiram: "Cadê seus pais?", "Esqueceu a roupa?", "Menina fácil" eram alguns dos recados deixados nas fotos. Na direção contrária, um grupo de homens (apoiado também por muitas mulheres) lançou uma contra-campanha batizada de "Eu vou à praia de hijab, eu deixo à nudez aos animais".

Sara ainda contou ao jornal argelino que o objetivo do movimento é mudar a mentalidade da sociedade do seu país, abrindo mais espaço para aceitação. "O objetivo não é aparecer nas redes sociais, mas mudar a sociedade, lenta e profundamente", disse. 

 


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