A ex-fisioterapeuta da equipe feminina sub-17 da Colômbia, Carolina Rozo revelou ter sido abusada sexualmente pelo então treinador Didier Luna. De acordo com o The Guardian, ela relatou o caso à Federação Colombiana de Futebol (FCF) há dois aos e agora teve resposta da justiça.
"Eu fui assediada sexualmente pelo gerente assim que eu entrei no trabalho. Ele me dizia que eu era muito bonita e então tentava tirar vantagem de mim quando estávamos juntos nas refeições e em outros lugares. Dizendo adeus, ele se pressionava contra mim com muita força e sussurrava em meu ouvido o quanto ele gostava de mim", disse Carolina à publicação.
Inicialmente, Luna negou todas as alegações quando acusado de agressão sexual, porém em 9 de junho aceitou um acordo judicial com o gabinete, o que significava, de acordo com o The Guardian, que ele evitou a prisão ao concordar com uma acusação reduzida de injúria, essencialmente uma admissão de assédio ocasional e pontual.
O ponto de virada para Carolina veio em janeiro de 2018. "Ele veio à sala de jantar onde estávamos comendo com uma foto minha. Apontou para a fotografia e disse: 'Essa é a mulher que eu quero' e: 'Cuidado, porque se você não tomar cuidado, eu a beijarei.' Então eu disse a ele: 'Não ouse fazer isso, estamos apenas comendo", disse.
"Naquela noite, quando eu estava indo para o meu quarto, ele estava lá no caminho. Disse que estava falando sério sobre querer ter algo comigo, ser 'meu amigo especial' e que ele poderia me levar a grandes coisas no futebol colombiano. E então ele apontou para o logotipo da equipe no meu peito e disse: 'Quero que você me dê um pedaço do seu coração'. Eu me afastei e disse não, e pedi que ele me respeitasse, que eu não queria nada, que não vim aqui à procura de um namorado ou marido, que só queria trabalhar. Ele ficou chateado e disse: 'Isso terá más conseqüências' e depois foi embora. A partir de então, ele começou a me pressionar e a me assediar durante o trabalho".
Carolina relatou suas alegações sobre o comportamento de Luna à federação, bem como suas preocupações com as jogadoras. "Eu disse a eles que havia notado que ele estava agindo de maneira estranha com as jogadoras. Uma delas ficou ferida e veio e me dizer que outra equipe de treinamento entrou em seu quarto e tentou abusá-la. E então, quando eu estava fazendo as rondas à noite, elas começaram a me contar como se sentiam desconfortáveis sobre como estavam sendo tocados pelo treinador", afirmou.
Carolina ainda disse que sua motivação para não ir embora foi ajudar a construir o caso contra Luna e proteger as jovens jogadoras, mas a situação teve seu preço. “Em setembro de 2018, tive uma crise de depressão e decidi fazer uma queixa formal contra esse cara. Quando vi que nada aconteceu, fiquei mais corajosa e reclamei com a mídia. Durante os 18 meses em que estive lá, vi como ele se comportava. Ele costumava tocá-las, acariciá-las em suas costas e beijá-las, e até pedia que tirassem a camisa para poder ver a roupa de baixo. As jogadoras não se manifestam porque a federação as veta e se elas se manifestarem, poderão ser imediatamente removidas do time".
A FCF não respondeu a um pedido de posicionamento do jornal. Em comunicado divulgado em março de 2019, disse que "rejeita categoricamente o assédio sexual e trabalhista e declara tolerância zero a atos que de alguma forma ameaçam a integridade de qualquer membro de nossas equipes colombianas".
“É muito importante que as mulheres unam suas vozes e falem. O silêncio nos torna cúmplices do que esses agressores estão fazendo", disse Carolina.