Uma técnica simples, fácil, gratuita e cuja única condição para colocá-la em prática é estar vivo. Ajuda a emagrecer, a ganhar mais dinheiro, a diminuir a ansiedade e a depressão, e melhora até as notas de matemática das crianças que são adeptas. Parece milagre, mágica, ou uma grande jogada de marketing, mas se chama mindfulness (consciência de uma situação, em tradução livre) e é o novo mantra corporativo moderno. Uma espécie de controle da mente, nada mais é do que a atenção plena no presente, a consciência dos sentimentos e pensamentos durante um momento. É a corrente filosófica oposta ao multitarefa – tão incensada no mundo do trabalho há poucos anos.
Mindfulness é prestar atenção no que está acontecendo sem se apegar ao passado e sem projetar o futuro. “Isso ajuda a perceber coisas novas. Uma das maneiras de praticar o mindfulness é pela meditação, mas não é a única”, diz a americana Ellen Langer, que há 40 anos pesquisa o tema na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. O interesse da psicóloga nova-iorquina pelo assunto surgiu quando começou a se perguntar por que as pessoas cometiam atos aparentemente inexplicáveis, como esquecer as crianças dentro do carro. “Elas agem dessa forma quando estão mindless (consciência vazia). Ou seja: quando enxergam a situação de apenas uma perspectiva”, explica Ellen. Com o passar dos anos, descobriu que quem age de acordo com os princípios mindful (consciência cheia) é capaz de encontrar melhores soluções para problemas e também tem as taxas de estresse reduzidas. Em uma de suas pesquisas, Ellen pediu a duas orquestras que tocassem a mesma ópera. A primeira delas, mindless, deveria fazê-lo com técnicas que usaram no passado e consideravam bem-sucedidas. A segunda, mindful, com novos e sutis ajustes. Os pesquisadores gravaram os resultados. Além de sentirem mais satisfação durante o trabalho, os músicos da segunda orquestra criaram um som melhor. “Mesmo sem saber dos bastidores, quem escutou as duas gravações preferiu a da orquestra mindful”, conta Ellen. Outras pesquisas mostraram que a técnica aumenta o carisma, a produtividade, a criatividade, a memória e até mesmo a longevidade e diminui o burnout e os acidentes de trabalho.
Existem várias maneiras de provocar estados de mindfulness. “Escanear” o corpo e a mente ao longo do dia é uma delas. Meditar é outra. Outro estudo mostrou que é preciso constância para obter os benefícios da prática. Investir 10 a 15 minutos diários é suficiente (veja quadro). Apps de meditação, como o Headspace e o Welzen, podem ajudar a conquistar esse objetivo.
Fonte: Harvard Health Publication