"Nem todas as mulheres estão em busca de um corpo estabelecido como perfeito". É isso que Gabriela Medvedovski, 25 anos, pensa sobre ter uns quilinhos a mais. Estreando na TV como a protagonista Keyla em Malhação - Viva a Diferença, a atriz tem grande responsabilidade ao tratar de temas como gravidez na adolescência e dietas sem prescrição médica. Além disso, ela teve que abrir mão da vaidade e ganhar 7 quilos para a personagem. “Já recebi algumas mensagens, a maioria de meninas contando de suas experiências com gravidez na adolescência e baixa autoestima. Muitos desses relatos são emocionantes”, conta.
Formada em publicidade e bailarina clássica, ela sempre conciliou a faculdade com aulas de teatro, canto e dança e passou dois meses em Nova York estudando até que teve a certeza que queria atuar. O convite para Malhação apareceu em um mural da escola de teatro. “Me inscrevi em teatro profissionalizante para musicais e vi uma chamada dizendo que uma produtora de elenco da Globo procurava atores. Mas era até os 20 anos e eu tinha 24. Fui. Dois meses depois ela me convidou para participar de um workshop, foram quatro testes. Demorou para ficha cair”, comemora.
Se tivesse na pele de Keyla, grávida na adolescência, ela acha que receberia apoio familiar. “Sei que meus pais me apoiariam em qualquer decisão, mas provavelmente tomaríamos uma decisão juntos - eles sempre prezaram por um ambiente de diálogo dentro de casa”, diz. Apesar de ser filha única, a atriz conta que não teve moleza. “Nunca fui mimada. Ajudava desde cedo a lavar a louça, a roupa, arrumar... Nunca fui muito dependente”, revela.
Nascida em São Paulo e criada em Porto Alegre desde os 2 anos, Gabi conserva costumes gaúchos. “Gosto de tomar chimarrão e assistia a todos os jogos do Inter com meu pai - temos o costume de cantar o hino”, diz. A atriz já viveu grandes experiências fora do país. Ela morou um ano em Israel com amigos para um programa de capacitação de líderes da comunidade judaica e amadureceu bastante. “Meu pai é judeu e eu sempre estudei em escola judaica. A gente tinha aula de tudo: hebráico, educação, liderança, história. Depois fiz trabalho voluntário, dei aula de inglês, trabalhei no centro cultural da prefeitura de uma cidade, pintei paredes... Minhas experiências me fizeram ser uma pessoa mais aberta”, conta.
Fama
Gabriela conta que não deixou a fama subir à cabeça. "Eu sigo sendo uma menina normal. Não sinto que isso mudou dentro de mim. Tenho um fã clube, que louco. Troco essa ideia com meus fãs, gosto de saber quem está me assistindo. Estou tentando buscar a melhor parte da fama. Minha família me ajuda muito a colocar o pé no chão", conta.
Atualmente, ela mora sozinha no Rio e namora o publicitário Allan Rochlin. “Adoro ter meu cantinho, mas sou bagunceira e tenho preguiça de fazer comida. Eu e o Allan começamos namorar aos 19 anos e, entre indas e vindas, agora estamos morando na mesma cidade (Rio) e ficou mais fácil namorar. Ele não é ciumento e me entende”, diz. Casar não está nos planos por enquanto. “A gente vive o agora. Estamos curtindo muito”, diz.
7 quilos a mais
Na novela, Keyla luta para emagrecer. Na vida real, a atriz teve que engordar 7 quilos. “Passei a ter uma dieta mais regulada e cuidadosa, tudo com auxiíio de uma nutricionista. Na prática, não posso comer o que quiser. Tenho uma lista de alimentos que tenho que evitar. Engordei com saúde. Consumia calorias naturais, açaí, tapioca mais gordinha, arroz com feijão. Hoje em dia eu uso o enchimento de vez em quando, depende da roupa que vou usar. Ao todo eu engordei cerca de 7kg e hoje estou pesando 63”, diz.
Engordar não foi o mais difícil e ela encara a mudança do corpo como um amadurecimento. “Acredito que meu papel traz um discussão muito importante sobre padrões de beleza, autoestima e aceitação pessoal. A Keyla me faz refletir sobre tudo isso, me ensina sobre amor próprio, autenticidade e coragem. O baque inicial foi começar a não entrar em algumas roupas minhas. Mas me sinto bonita". Na escola, ela já sofreu bullying por saber dançar e se soltar nas aulas. “Gostava muito de dançar e as próprias amigas enchiam meu saco. Faziam graça, me avacalhavam. Isso fez com que eu passasse a dançar mal, pois eu não queria aparecer”, conta.